Autor: James Baldwin
Título Original: Giovanni’s Room (1956)
Editora: Alfaguara
Páginas: 192
ISBN: 9789896657611
Tradutor: Valério Romão
Origem: Comprado
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Opinião: Depois de uma estreia arrebatadora com este autor clássico norte-americano (Se esta rua falasse), tinha naturalmente muita vontade de continuar a explorar a obra de James Baldwin, que felizmente a Alfaguara tem vindo a publicar em Portugal. Optei por prosseguir com este O Quarto de Giovani, um dos seus livros mais reconhecidos.
Esta história decorre na Paris dos anos 50 do século passado, e segue um jovem norte-americano, David, que se encontra na capital francesa em busca de um rumo para a sua vida. À sua instável vida familiar, juntam-se muito problemas de identificação sexual e várias questões de alienação social, muito bem enquadradas na história através da relação de David com Giovanni. Os dois conhecem-se num bar gay e, porque está com falta de dinheiro e se sente imensamente atraído por Giovanni, David aceita ir morar no quarto dele. A relação de ambos é conturbada pela impulsividade e intensidade de Giovani, que se contrapõe à aparente passividade e frieza de David.
Na realidade, desde o início do livro que sabemos que a história dos dois não irá acabar bem, restando ao leitor percorrer as páginas deste livro para perceber o que aconteceu. Contado de forma não linear por David, é através da perspetiva dele – e, quiçá, com o enviesamento da sua visão – que acompanhamos esta história triste e melancólica, que traz reflexões intemporais sobre a forma como lidamos com a nossa identidade e as dificuldades em aceitar quem realmente somos.
A prosa de James Baldwin é, como já esperava, fantástica. Marquei imensas passagens neste livro, frases que achei que mereciam ser lidas e relidas em ocasiões futuras. Mas mentiria se dissesse que este foi um livro que me envolveu em termos emocionais. Não sei se foi propositado da parte do autor, mas sendo a história narrada por uma personagem pouco afável e cativante, a narrativa acaba por assumir esse tom e, provavelmente por isso, acabou por não me encantar. Os problemas de identificação são universais e intemporais, claro, e são temas muito interessantes para se explorar num livro, mas a forma distante e pouco emocional como a personagem os vive – ou como o autor optou por transmiti-los – acabou por evitar que esta fosse uma leitura marcante.
Ainda assim, não posso deixar de recomendar este livro tão bem escrito. Os motivos que me levaram a não apreciá-lo tanto como gostaria são quase exclusivamente pessoais, por isso deixo o convite a que o leiam e que depois me digam se concordam com a minha opinião.
Classificação: 3/5 – Gostei