Autor: Elizabeth Gilbert
Título Original: City of Girls (2019)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 400
ISBN: 9789897840531
Tradutor: Ester Cortegano
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Antes de passar para a minha opinião acerca deste livro, deixem-me contextualizar um pouco a leitura. Durante muito tempo, tive uma espécie de preconceito em relação aos livros da Elizabeth Gilbert, devido ao seu super-famoso “Comer Orar Amar”. Aliás, já falei dessa questão aqui no blogue, há uns tempos. A partir do momento em que opiniões de pessoas em quem confio começaram a sugerir-me que muito provavelmente estava enganada em relação a esta autora que fiquei com vontade de experimentar um dos seus livros – algo que, sem dúvida, é do mais elementar bom senso: nada como tirarmos as nossas próprias conclusões. E, por esse motivo, A Cidade das Mulheres, o último romance de Elizabeth Gilbert, chegou na melhor altura para me provar, definitivamente, que estava equivocada.
Este é um livro que recua até à década de 1940 numa Nova Iorque vibrante, já com a Segunda Guerra Mundial a decorrer, mas antes de os Estados Unidos terem iniciado a sua participação. Vivian Morris, uma jovem de 19 anos que procura encontrar um pouco de rumo na sua vida, é mandada pelos pais para viver durante uma temporada com a sua tia Peg, que geria um teatro um pouco decadente, onde eram postas em cena peças de teatro dirigidas às classes mais desfavorecidas. Após ter vivido até então sob a proteção dos pais e sem saber praticamente nada da vida, Vivian é lançada às feras, por assim dizer, e inicia-se então a sua descoberta da sexualidade, da amizade, do amor, mas também da mágoa e da crueldade humana.
Todo o livro é narrado na primeira pessoa pela protagonista, como se de uma longa carta se tratasse, sendo o texto dirigido a Angela, que de início apenas sabemos ser filha de alguém importante na vida de Vivian. Sabemos que se trata de uma mulher idosa a olhar para trás na sua vida, com o discernimento dos anos que entretanto passaram, que permite que toda a narrativa possua um tom de sinceridade, ainda que irreverente, o que dá todo um tom realista à história.
Uma das coisas que mais gostei neste livro foi a caracterização de Vivian. Toda a sua história está repleta de personagens vibrantes e marcantes, que por vezes parecem ofuscar a sua própria presença. Uma delas diz-lhe mesmo, a dada altura, que Vivian nunca foi nem será uma mulher interessante. E apesar do enorme sucesso que Vivian acaba por ter como estilista/costureira, esta personagem parece, à primeira vista, não ter tido uma vida verdadeiramente marcante. A minha opinião é que viveu uma vida com significado pelas relações que forjou, em especial a que é explorada na parte final do livro. Mas nem só de Vivian se faz este livro, porque há várias outras mulheres, ricas na sua diversidade, que ajudam a compor esta cidade de mulheres, e que a autora soube explorar tão bem.
Portanto, em jeito de balanço final, foi um livro que me manteve agarrada às suas páginas até ao final, com vontade de que nunca terminasse. Adorei e recomendo sem reservas!
Classificação: 5/5 – Adorei