Autor: Ildefonso Falcones
Título Original: El pintor de almas (2019)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 650
ISBN: 9789896659608
Tradutor: José Vala Roberto/Lufada de Letras
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: No início do século XX, Barcelona era uma cidade em agitação; por um lado, fervilhava a criatividade artística que dava corpo e cor a tantas obras marcantes da cidade que hoje conhecemos; por outro, foi uma época de grandes convulsões sociais e de luta pelos direitos dos trabalhadores. É neste cenário extremamente interessante e desafiador que Ildefonso Falcones coloca as suas personagens principais: Dalmau, filho de gente humilde e a começar a subir na sociedade graças ao seu incrível talento para a pintura, e Emma, a sua namorada, uma rapariga também de origens modestas, que luta sem medos para ver melhoradas as condições de trabalho.
À história destas duas personagens principais muitas outras se vão juntando – gostei particularmente da jovem mendiga Maravillas – mas há uma que não podia deixar de referir: a cidade de Barcelona é descrita nos seus vários tons e matizes, e é impossível não nos sentirmos transportados para aquela época. Eu sou particular admiradora da obra de Antoni Gaudí e ainda que ele ou o seu legado não sejam o foco principal deste livro, foi a principal figura do modernismo catalão, sobre o qual tanto aprendi neste livro. Muitos foram os artistas e as obras que participaram neste movimento, e foi realmente interessante saber mais sobre quem foram e o que fizeram. Nota-se a extensa pesquisa do autor, apesar de por vezes me ter parecido haver alguns blocos de informação que poderiam ter sido melhor integrados na narrativa.
O contraste entre toda esta beleza que se criava e a pobreza extrema em que boa parte dos habitantes da cidade vivia é por demais evidente, e Ildefonso Falcones traz neste livro um bom equilíbrio entre estas duas facetas da cidade, aparentemente tão opostas. É no meio das duas que encontramos o pintor Dalmau, que vagueia constantemente entre a beleza e a decadência, e que procura encontrar o seu lugar depois de um desentendimento com Emma o ter levado a perder o foco. Muitos são os avanços e recuos na vida dos dois, ficando por vezes a sensação que tudo lhes acontece.
O Pintor de Almas é um livro extenso e que, por isso, requer dedicação. Houve alturas mais mornas, em que achei que o livro teria ganho com a redução de algumas páginas, mas esses momentos foram recompensados por outros mais emotivos e que me fizeram querer virar páginas para saber o que iria acontecer. No cômputo geral, apesar de achar que podia ter sido melhor na caracterização das personagens e no rumo do enredo ficcional, é um sólido romance histórico, com muito para aprender e descobrir. É um autor que quero continuar a ler, sem dúvida!
Classificação: 3,5/5