Autor: C.J. Tudor
Título Original: The Other People (2020)
Editora: Planeta
Páginas: 368
ISBN: 9789897773334
Tradutor: Mário Dias Correia
Origem: Recebido para crítica
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Ao conduzir uma noite para casa, Gabe vai atrás de um velho carro, quando vê a cara de uma menina aparecer na janela. Ela diz uma palavra: papá. É a sua filha de cinco anos, Izzy. E nunca mais a vê.
Três anos mais tarde, Gabe passa os dias a conduzir na auto-estrada à procura do carro que levou a filha, recusando-se a desistir. Apesar de todos pensarem que Izzy está morta. Fran e a filha, Alice, também estão na auto-estrada. Não estão à procura. Estão em fuga. Tentando manter-se um passo à frente das pessoas que lhes querem fazer mal. Porque Fran sabe a verdade. Ela sabe o que aconteceu à filha de Gabe. Sabe quem é o responsável e o que lhe farão a si e a Alice se a apanharem.
Opinião: Há períodos na vida de um leitor em que nenhuma leitura parece fluir. Quando é assim penso que não vale a pena insistir, restando esperar que a vontade de ler regresse. Por mais desanimadora que uma ressaca literária possa parecer, tem uma grande vantagem: quando se encontra um livro que nos devolve a vontade de ler, é uma sensação fantástica. Foi precisamente isso que me aconteceu com Os Outros, da inglesa C.J. Tudor, o terceiro livro de sua autoria e também o meu preferido dos três.
A premissa desta história é arrepiante: um dia, na viagem de regresso a casa, Gabe vê a sua filha de 5 anos dentro de um carro desconhecido; apesar de ter tentado perseguir a viatura, perde-a de vista. Pouco depois, recebe a notícia que a mulher e a filha foram assassinadas em sua casa. Mas como, se Gabe acabou de ver a filha? Passados três anos, Gabe vive obcecado em encontrar a filha e assombrado por aquela última vez em que a viu. É nesta altura que aparece o primeiro indício que parece provar que aquela visão não foi uma alucinação e que abre caminho à descoberta d’”Os Outros” e da sua possível relação com o que aconteceu à pequena Izzy.
Desde o início, Os Outros revela-se um livro viciante, não só pela forma como é narrado, mas também pela atmosfera misteriosa, quiçá com umas pitadas de terror e sobrenatural, que a autora consegue imprimir à narrativa. Ao mesmo tempo que acompanhamos a jornada de Gabe, outras personagens vão ganhando protagonismo e contribuindo para que as várias peças do puzzle comecem a encaixar. Eu gosto muito da analogia do puzzle quando falo de livros; neste caso, parece que estamos a montar um daqueles bem bicudos, com algum receio que no final falte alguma peça ou que as que já estão montadas não encaixem na perfeição. Mas o receio é infundado, porque C.J. Tudor consegue atar todas as pontas, enquanto vai continuamente surpreendendo o leitor com o desenrolar da história.
Talvez não seja muito justo, mas é quase impossível não comparar este livro com os anteriores da autora. Os Outros foi sem dúvida aquele que me pareceu mais consistente e cativante, enquanto é igualmente bem escrito e dedica o tempo suficiente a desenvolver as suas personagens e a fazer o leitor refletir acerca do que faria se estivesse no seu lugar. Recomendo!
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante