No primeiro volume da série de livros Património Natural do Mundo, coleção que a editora Círculo de Leitores começou recentemente a publicar, temos várias secções de dedicadas a Portugal. Uma delas é sobre o Parque Natural da Arrábida, que foi criado por Decreto-Lei em 1976 e que tem cerca de 108 km2. Trata-se de uma zona que abarca os municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela, incluindo dentro de si uma grande diversidade de fauna e flora.
Este foi o pretexto para decidir aproveitar um dia das minhas férias e rumar à descoberta do Parque Natural da Arrábida, onde pouco mais tinha visitado do que a Praia do Portinho da Arrábida. Após alguma pesquisa acerca dos pontos de interesse, fui munida de um roteiro que me levaria a alguns dos ex-libris da zona. Infelizmente, tive algum azar com o tempo, que nesse dia se encontrava encoberto e, em algumas zonas, repleto de nevoeiro. Ainda assim, acho que vale a pena partilhar convosco o que vi.
Comecei por ir em busca da Cascata da Ribeira de Alcube, que tem uma foto lindíssima dentro do livro Património Natural do Mundo – Europa do Sul. Infelizmente, neste momento a cascata está seca e, por isso, não consegui apreciar a sua beleza. Fica, contudo, uma foto do belo sítio escondido onde esta se encontra.
O ponto de paragem seguinte foi o Forte Velho do Outão e a 7.ª Bateria. O edifício, construído no século XVII, encontra-se atualmente integrado na 2.ª fase do programa REVIVE, que se destina a abrir “o património [público] ao investimento privado para o desenvolvimento de projetos turísticos, através da concessão da sua exploração por concurso público.” É bom que assim seja, porque de facto é uma pena verificar o estado de degradação a que este edifício histórico está atualmente votado. Para além de alguns grafitis muito bonitos, tudo o resto é abandono, lixo e destruição.
Seguiu-se um percurso por alguns dos principais miradouros da Serra da Arrábida. Pelo caminho, fiquei especialmente impressionada com os maquis, um tipo de vegetação densa composta por arbustos que nascem em solos pedregosos. Nas zonas mais altas da Serra, não se vê uma única árvore; toda a paisagem está coberta por maquis.
O céu encoberto e o nevoeiro não me permitiram encontrar as paisagens deslumbrantes das Praias do Portinho da Arrábida e da Figueirinha, como esperava, mas ainda assim, a beleza subsiste independentemente do tempo.
Nesta zona, é também possível tem uma vista privilegiada sobre o Convento da Arrábida, fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria, e que pode atualmente ser visitado mediante marcação prévia.
Outro dos grandes pontos de interesse do Parque Natural da Arrábida é o Cabo Espichel, onde se encontra o Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel, datado do início do século XVIII e constituído pela igreja, hospedarias (originalmente construídas para os peregrinos), Ermida da Memória, Casa de Ópera (em ruínas), Hortas dos Peregrinos Casa da Água e aqueduto.
O passeio terminou com uma visita breve ao Farol do Cabo Espichel, porque infelizmente estava demasiado nevoeiro para se poder ver algo mais do que o farol propriamente dito, e ainda assim só de perto. O edifício atual do farol foi inaugurado em 1790 e está atualmente aberto ao público uma vez por semana para visitas guiadas gratuitas.
Findo este passeio, fica alguma pena pela meteorologia não ter estado particularmente favorável no dia que tive disponível para o fazer, mas acima de tudo permanece a certeza da riqueza e beleza das paisagens naturais do nosso país, que têm muito mais para oferecer. Deixo-vos a sugestão de descobrirem este e outros lugares de beleza natural, quiçá orientados, como eu, pelo magnífico Património Natural do Mundo – Europa do Sul.