Autor: Matt Haig
Título Original: How to Stop Time (2017)
Editora: TopSeller
Páginas: 320
ISBN: 9789898869470
Tradutor: Ana Beatriz Manso
Origem: Comprado
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Opinião: Se acompanham este blogue com regularidade, devem ter visto a minha opinião sobre o livro Um Mundo à Beira de um Ataque de Nervos, que li recentemente e de que gostei bastante. Por querer continuar a explorar a obra de Matt Haig e ter visto Como Parar o Tempo a um bom preço, decidi que o próximo livro que ia ler dele seria de ficção, começando por este que tem uma premissa que adorei.
Tom Hazard tem 439 anos – nasceu com uma condição que o faz envelhecer muito mais devagar que o comum dos mortais, sendo que por cada 14-15 anos normais ele apenas envelhece um. Ao longo dos séculos, Tom escondeu a sua condição do conhecimento público, com a ajuda da Sociedade Albatroz, que protege outras pessoas iguais a Tom, ajudando-as a, periodicamente e para não levantar suspeitas, mudar de identidade e começar a sua vida noutro local qualquer.
Quando o livro se inicia, Tom encontra-se a recomeçar a sua vida em Londres, como professor de História no ensino secundário. O facto de já anteriormente ter vivido em Londres, e de esta cidade trazer uma imensidão de recordações, é o pretexto ideal para irmos recuando no tempo e conhecendo um pouco mais acerca da história de Tom. O desespero que muitas vezes sentiu por ter de continuar a viver sem os entes queridos e o cansaço que sente pela constante mudança de vida e identidade são, de certo modo, atenuados pela busca constante pela sua filha Marion, que possui a mesma condição do pai, mas da qual Tom perdeu o rasto há muitos, muitos anos.
Penso que Matt Haig quis com este livro pôr o seu leitor a refletir sobre o tempo e a forma como o aproveitamos (ou não). Há muitas coisas extremamente preciosas na nossa vida porque temos noção que um dia irá terminar. Como seríamos se soubéssemos que nunca iríamos morrer? Fez-me lembrar aquelas pessoas ricas, que virtualmente podem comprar tudo, mas que, no fundo, só querem ter uma vida normal.
Como dizia há pouco, gostei muito da premissa deste livro e gostei muito também das reflexões sobre a condição humana quando o autor nos apresenta a hipótese de viver para sempre (ou, pelo menos, muito mais tempo do que o normal). E por ter gostado tanto destes dois aspetos, tive pena da sensação com que fiquei de que a escrita e o enredo não estiveram à altura. Matt Haig tem uma escrita muito direta, que pessoalmente, achei que funciona muito melhor em livros de não ficção. Depois, no que respeita ao enredo, a suposta motivação principal do protagonista, que é encontrar as filha, parece muitas vezes esquecido, para ser retomado no final e resolvido de uma forma um pouco apressada.
Volto a afirmar: gostei muito da premissa deste livro e das reflexões que induz, mas infelizmente achei que teria ganho muito com um enredo mais sólido, uma escrita mais rica e uma caracterização mais aprofundada das personagens e das suas motivações. Ainda assim, fico com curiosidade de ler Os Humanos.
Classificação: 3/5 – Gostei