Autor: Hanif Kureishi
Título Original: Intimacy (1998)
Editora: Relógio d’Água
Páginas: 120
ISBN: 9789896415549
Tradutor: Inês Dias
Origem: Comprado
Comprar aqui (link afiliado)
Esta é a primeira frase de Jay, personagem da fascinante história de Hanif Kureishi sobre o final de um relacionamento.
Opinião: Comprei este livro sem saber nada acerca da sua história ou autor, apenas porque gostei da capa e estava a um preço muito apetecível na Feira do Livro de Lisboa do ano passado. Intimidade é um livro relativamente breve, narrado na primeira pessoa por Jay, um homem que parece à beira de um esgotamento no meio de um casamento prestes a ruir.
A relação descrita por Jay não parece particularmente destrutiva; mas é aquela ligação entre duas pessoas que passaram a ser indiferentes uma à outra. Por vezes, Jay demonstra alguns laivos de ódio em relação à sua mulher, mas o que mais incomoda nesta relação é o facto de os 10 anos de vida em comum e os dois filhos parecerem não ter qualquer importância para este homem. O facto de ser uma narrativa na primeira pessoa pode, eventualmente, enviesar a forma como o leitor olha e avalia a vida do casal, mas não deixa de ser um relato cru e visceral sobre a forma como uma relação entre duas pessoas pode ser tudo menos aquilo que se desejaria.
No fundo, Intimidade acaba por ser sobre aquilo que verdadeiramente importa num casamento/relação, ao apresentar ao leitor tudo o que não deve ser. Leva a reflexões sobre a forma mais profunda de intimidade com alguém – que não tem necessariamente de passar pelo contacto físico – e na sorte que é encontrarmos alguém com quem o silêncio não se torna um incómodo. Hanif Kureishi tem aqui ideias bastante boas e uma escrita que me agradou, mas infelizmente não consegui criar grande empatia com o protagonista. Provavelmente, não era suposto, mas mesmo não concordando com as ações ou pensamentos de uma personagem, penso que é possível compreendê-los se o autor arranjar a forma certa de o fazer. Por isso, quanto a mim, Intimidade acaba por falhar nesse aspeto. No entanto, fiquei suficientemente intrigada pela escrita e ideias do autor para querer explorar mais a sua obra.
Classificação: 3/5 – Gostei