Autor: A Grande Solidão
Título Original: The Great Alone (2018)
Editora: Bertrand
Páginas: 456
ISBN: 9789722535991
Tradutor: Marta Pinho
Origem: Comprado
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Opinião: Depois de ter lido O Rouxinol, eventualmente o livro mais popular da escritora norte-americana Kristin Hannah, ficou a vontade de voltar às suas histórias; a oportunidade surgiu com o projeto de leitura dos seus livros, que está a ser organizado pela Dora e pela Maria João Covas, tendo-se iniciado no mês de abril, com a leitura de A Grande Solidão, o livro mais recente da autora.
Com início em 1974, A Grande Solidão acompanha a história de um casal e da sua filha de 13 anos. Depois de várias tentativas, a família acaba por rumar ao Alasca, o estado indómito. Ernt, o pai, vive assombrado pelos fantasmas da Guerra do Vietname, que o parece ter quebrado de uma forma irrecuperável; Cora, a mãe, ampara todos os golpes – literais e figurados – ficando ao lado do marido enquanto este tenta reerguer-se, uma e outra vez; por fim, Leni, a criança obrigada a crescer depressa demais e que se vê no meio da relação conturbada dos pais.
O Alasca aparece, assim, como uma espécie de última oportunidade de recomeço, mas a natureza desse território não é propícia à sobrevivência dos mais fracos. A família Allbright percebe depressa que o Inverno é uma estação longa e perigosa e, com a ajuda dos locais, fica com as noções básicas de sobrevivência. Mas a verdade é que só uma família unida conseguiria sobreviver num ambiente tão adverso, e mesmo assim seria precisa alguma sorte; os fantasmas de Ernt Allbright teimam em não o largar, a tal ponto que a Cora e Leni se vêem numa encruzilhada quanto ao seu futuro.
Quanto a mim, a melhor personagem deste livro é precisamente o Alasca e a forma como é descrita a sua beleza e o sentido de comunidade dos seus habitantes. De facto, o frio e a beleza inóspita saltam das páginas e fazem-nos sentir lá, em cada momento. Também gostei da forma como é narrada a dinâmica da complicada família Allbright, em toda a sua complexidade. Achei que a autora poderia ter feito um melhor trabalho com Ernt, que às tantas acaba por ser demasiado vilificado em prol do desenrolar da história. Poderia ter sido muito mais interessante do que acabou por ser.
A Grande Solidão é um livro sobre muitas coisas: sobre o amor, em todas as suas formas, e os seus limites, sobre a resiliência humana, sobre a vida em comunidade e sobre a amizade. Não posso dizer que tenha sido, para mim, um livro de leitura compulsiva, até porque acho que tem um início algo lento. Mas a partir de determinado momento, torna-se bastante difícil largá-lo na ânsia de descobrir o que o futuro reserva às personagens principais. O final, quanto a mim, não acompanhou este crescendo de interesse e acabou por parecer um pouco apressado e conveniente. É um bom livro, bem escrito, com uma história interessante que agarra o leitor, mas que acabou por não corresponder plenamente às minhas elevadas expectativas.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante