Opinião: No Jardim do Ogre | Leïla Slimani

Autores: Leïla Slimani
Título Original:
 Dans le jardin de l’ogre (2014)
Editora: Alfaguara
Páginas: 184
ISBN: 9789896655600
Tradutor: Tânia Ganho
Origem: Comprado
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Sinopse: Adele tem tudo para ser feliz.
Mas falta-lhe tudo.
Vive sem prazer, numa solidão extrema.
Dentro dela, um fogo consome-a vorazmente, sem piedade: um desejo insaciável, uma necessidade imparável de somar conquistas e amantes.
No jardim do ogre é a história de um corpo escravo das suas pulsões.
Um romance de traições, mentiras e desilusões.
Mas é, ainda assim e sobretudo, um romance de amor. 

Opinião: Adèle é ninfomaníaca. É também esposa, mãe e jornalista, mas todo o retrato feito por Leïla Slimani em No Jardim do Ogre gira em torno da compulsão de Adèle, desta doença semelhante a uma droga, a que jura uma e outra vez não regressar, mas à qual acaba invariavelmente por ceder.

Depois de ter lido, e gostado muito, de Canção Doce, com o qual a autora franco-marroquina venceu o famoso prémio literário Goncourt, foi com natural curiosidade que encarei a publicação no nosso país daquele que foi o seu livro de estreia, publicado originalmente em 2014. No Jardim do Ogre é o retrato de uma mulher profundamente vergada aos seus desejos mais profundos, que por eles cede à decadência do sexo com estranhos, mas apenas assim parece sentir a liberdade por que tanto almejou ao longo da vida.

É difícil ler este livro sem ter a constante sensação que tudo irá terminar terrivelmente mal para Adèle. O texto lê-se com uma compulsão semelhante àquela que a protagonista sente no mais profundo do seu ser e traz consigo todo um mundo de reflexões, porque a autora consegue abordá-lo de uma forma crua e poderosa, sem nunca se tornar banal.

Não me pareceu um livro tão impactante como Canção Doce ou com potencial para agradar a um leque tão alargado de leitores. A protagonista é uma mulher complexa, que toma opções duvidosas, na melhor das hipóteses, o que pode afastar leitores com convicções mais firmes. Pessoalmente, não consegui detestar Adèle, apesar do sofrimento que a envolve e que causa nos que a rodeiam, porque a autora me deu uma personagem pela qual, apesar de tudo, senti compaixão.

No Jardim do Ogre é um livro que deixa uma impressão forte no leitor, pelo relato visceral da vida de uma personagem que procura encontrar-se enquanto tenta não se perder. Recomendo.

Classificação: 4/5 – Gostei Bastante

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.