Novidade Quetzal | Deixa a Chuva Cair, de Paul Bowles

Título: Deixa a Chuva Cair
Autor: Paul Bowles
Pág.: 104
Data de Lançamento: 03.08.2018
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Publicado pela primeira vez em 1952, o romance Deixa a Chuva Cair, de Paul Bowles, que a Quetzal faz chegar às livrarias a 3 de Agosto presta homenagem a Tânger e Mar- rocos, país onde o autor viveu grande parte da sua vida.
O título, não sendo uma alusão ao verão de 2018 em Portugal, vai buscar inspiração a Macbeth, de William Shakespeare, explica o autor: «Desde os meus oito ou nove anos que me fascina aquele breve trecho de Macbeth em que Banquo sai do castelo com o filho e comenta, de passagem, para os homens no exterior, que a chuva vem aí. Obtém, como resposta, o faiscar de uma lâmina e a admirável frase de quatro palavras, sucinta e brutal: “Deixa a chuva cair.”».
Se o céu do romance O Céu que Nos Protege era vasto e azul, o céu de Deixa a Chuva Cair, também omnipresente, é opressivo e escuro. A chuva que teima em cair, as nuvens que se acumulam, as ondas do estreito de Gibraltar, o vento que assobia e faz bater a porta da cabana nas montanhas acompanham o percurso da personagem principal.
«O herói é um zé-ninguém, uma “vítima”, como ele próprio se des- creve, cuja personalidade, definida apenas em termos da situação, só provoca simpatia na medida em que é vitimizada. É a única persona- gem totalmente inventada», conta Paul Bowles, que também incluiu uma caricatura de si mesmo em Deixa a Chuva Cair.

Nelson Dyar, um jovem americano, chega à Zona Internacional de Tânger, depois da Segunda Guerra Mundial, para começar uma nova vida. Transposto para um meio totalmente estranho, vagueia entre as duas culturas – a árabe e a ocidental –, sem compreender nenhuma delas. Retirado do ambiente ordenado em que existira até então, Dyar não consegue interpretar as reações daqueles com quem se cruza: Hadija, a pequena prostituta, a terrível Eunice Goode, Thami, o contrabandista árabe que faz a ponte entre os salões do palácio dos Beidaoui e os bares da casbá, Daisy de Valverde, Wilcox, com os seus negócios escuros, Madame Jouvenon e a espionagem, os berberes e o povo das montanhas, a população dos bairros indígenas e os cambistas judeus. A chuva cai incessante, transformando em rios as ruelas da casbá e marcando as alterações do estado de espírito de Dyar. Até ao abismo inevitável.

Sobre o autor: Paul Bowles nasceu no bairro de Queens, em Nova Iorque. Aprendeu a ler aos quatro anos e manteve diários escritos e desenhados desde essa idade. Com nove anos, começou a estudar teoria da música, canto e técnicas de piano. A partir de 1928, frequentou a Universidade da Virgínia, e em 1929 iniciou-se nas viagens, passando uma temporada na Europa. Voltou a Paris em 1931, onde conviveu com Gertrude Stein, Jean Cocteau e Ezra Pound. Continuou por Berlim, onde se tornou amigo de Christopher Isherwood, e visitou Kurt Schwitters em Hanôver. Foi também nesse ano que viajou pela primeira vez até Tânger, onde viveu grande parte da vida e acabou os seus dias. Em 1937, Bowles conheceu a escritora Jane Auer, com quem partiu em viagem ao México e com quem se casou no ano seguinte. Mantiveram um casamento aberto, por vezes turbulento, com viagens ora a uni-los, ora a separá-los, até à morte de Jane Bowles, em 1973. Nos anos 50, vivendo grandes períodos no Norte de África, Bowles conheceu o marroquino Ahmed Yacoubi, que se tornou seu companheiro íntimo nas décadas que se seguiram e em muitas viagens. Esses anos foram também marcados pela visita e permanência das principais figuras da Geração Beat em sua casa, em Tânger.

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.