Autor: Evita Greco
Título Original: Il rumore delle cose che iniziano (2016)
Editora: Editorial Presença
Páginas: 248
ISBN: 9789722361644
Tradutor: Maria das Mercês Peixoto
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Ada foi abandonada pela mãe em criança e ficou a cargo da avó. Nessa altura, na tentativa de dar resposta a uma das típicas questões infantis que por vezes os adultos têm dificuldade em responder, a avó falou-lhe no som das coisas que começam e na importância de estarmos sempre atentos ao seu aparecimento, dando por isso importância ao que, à primeira vista, pode parecer insignificante, mas que acaba por revelar-se fundamental.
Ada é uma mulher com uma forma peculiar de encarar a vida, à qual a dislexia de que sofre não é alheia. Vive também marcada pelo abandono da mãe e, por isso, a avó é para ela o porto de abrigo mais seguro, alguém que sempre lá esteve quando ela precisava. A perspetiva de a perder – uma possibilidade muito real perante o cancro avançado que Teresa tem – assombra os seus dias como um fantasma que teima em não desaparecer. À medida que vamos acompanhando o dia-a-dia de Ada e da avó nos tratamentos hospitalares, vão-nos também sendo apresentadas mais algumas personagens que giram em volta das duas, como Giulia, a enfermeira que já se tornou uma amiga, e Matteo, que Ada conheceu no hospital e com quem mantém uma relação peculiar, ou pelo menos é isso que parece ao leitor, ainda que para Ada muitos dos contornos da relação com Matteo se afigurem perfeitamente normais.
Gostei bastante da escrita de Evita Greco, bela sem ser demasiado rebuscada. Gostei também da sua personagem principal e da forma como está construída; a questão do “som” das coisas, que é referido no título, é um detalhe muito interessante da história e que retrata, a meu ver, um pouco daquilo que é Ada. Penso que a autora conseguiu transmitir bem a ligação entre Ada e a avó, com alguns momentos realmente comoventes. Já não gostei tanto da relação dela com Matteo, não tanto por causa de Ada e da forma como ela a encarava, mas mais porque tive alguma dificuldade em encontrar justificação para as escolhas de Matteo. O livro vive muito destas duas pessoas com que Ada se relaciona, uma que encarna o silêncio das coisas que terminam e outra que pretende, quanto a mim, personificar o som das coisas que começam. Não há dúvida que a primeira me cativou bastante mais.
Em jeito de resumo, penso que O Som das Coisas que Começam acabar por ser um livro de estreia bastante promissor. Está bem escrito, tem boas personagens e as relações entre elas são bem exploradas (independemente de gostarmos mais ou menos das opções que tomam), ficando apenas, na minha opinião, a precisar de um pouco mais de chama no que diz respeito ao enredo. Ficarei atenta a futuras publicações desta autora.
Classificação: 3/5 – Gostei
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