Hoje decidi falar-vos de parcerias editoriais, um tema que tem estado na calha desde que me lembrei de começar a publicar estes textos, mas precisei de alinhavar algumas ideias antes para ter a certeza que iria referir tudo aquilo que considero importante.
Como sabem, este blogue é apoiado por algumas editoras portuguesas, o que se traduz basicamente no envio de exemplares para leitura e publicação de opinião no blogue, bem como a realização ocasional de passatempos, seja aqui, seja na página de Facebook. O Estante de Livros começou a ter parcerias editoriais no início de 2009, na altura em que me parece que as editoras começaram a olhar para os blogues com outros olhos e a ver neles algum potencial influenciador de leituras. Foi um período interessante, de cerca de 2 anos, em que o blogue foi bastante dinâmico a nível de publicação de opiniões sobre novidades e, de um modo geral, em que tanto blogues como editoras trabalharam no sentido de arranjar melhores formas de colaboração.
Seguiu-se um período em que o Estante de Livros não teve parcerias editoriais, por opção própria. Comecei a olhar para as minhas estantes, a ver livros que queria ler acumularem pó porque, basicamente, estava só a ler livros que me eram enviados, muitos deles sem os ter solicitado. Claro que, no meio de todos esses, li verdadeiras pérolas, mas não estava numa fase da minha vida em que queria estar a ler por obrigação e queria mesmo ler o que tinha nas minhas estantes.
Mais tarde, em 2015, repensei esta questão e decidi voltar a contactar algumas das editoras com as quais tinha colaborado anteriormente e outras que entretanto surgiram e com as quais teria gosto em trabalhar. Houve várias respostas positivas, outras tantas negativas e ainda várias não respostas. Não tenho qualquer problema com as editoras dentro destes últimos dois grupos, porque estão no seu pleno direito de escolher os parceiros com os quais trabalham, nem excluo por isso a hipótese de parcerias futuras, assim a questão se coloque.
Não me parece – e esta é uma opinião pessoal e, eventualmente, passível de ser rebatida – que o impacto que os blogues literários têm nas vendas de livros seja assim tão elevado. Claro que as editoras desejam que os seus livros tenham a maior visibilidade possível e isso é cada vez mais difícil nos media tradicionais, pelo que é natural que se virem para outros canais de comunicação. Mas tenho dúvidas até que ponto o trabalho (de qualidade!) feito pelos blogues na divulgação dos livros que vão aparecendo nas livrarias tenha um impacto relevante.
Acho que ainda há muito a fazer no que toca a parcerias entre editoras e blogues. O mais importante, para mim, era que as editoras percebessem quem os bloggers são, como leitores; o que lêem, o que gostam, o que fazem bem feito. Deste modo, a probabilidade de opiniões positivas seria maior, e abrir-se-ia todo um leque de possibilidades que me entusiasma enquanto blogger e leitora de blogues.
Outra coisa que gostava de referir é que me parece muito importante, a bem da transparência para com que nos lê, que as opiniões acerca de livros provenientes de parcerias sejam identificados como tal nos respetivos posts. Vejo isso em poucos blogues, por enquanto, e acho que este é um assunto que merece ser revisto.
Em jeito de resumo, vejo as parcerias editoriais como um bónus muito bem-vindo ao trabalho que desenvolvo no blogue. Claro que é muito agradável ter acesso a novidades editoriais, muitas vezes antes de estarem nas livrarias, mas este blogue não gira em torno de livros de recebo de parcerias. Obviamente, agradeço muito a atenção das editoras que colaboram comigo dispensam ao meu trabalho e, na esmagadora maioria dos casos, têm sido todas muito corretas e simpáticas comigo. Mas a verdade é que continuo a gastar muito dinheiro em livros (se calhar até demais), continuo a ler muitos livros porque quero e este blogue continuará a existir independentemente de ter ou não apoios editoriais.