Aqui há uns dias, falava com a Mariana no Twitter sobre textos de opinião. Eu acho extremamente difícil escrever um bom texto de opinião literária, ou pelo menos aquilo que eu considero que é um bom texto de opinião. Quando eu leio uma opinião sobre um livro, interessa-me, acima de tudo, saber qual foi o impacto que essa leitura teve no leitor. Claro que poderá haver contextualização acerca do enredo (algo que normalmente faço, ainda que não ache essencial) e acho sempre interessante ler sobre os principais temas do livro; mas, no fundo, o que eu quero saber é se a pessoa gostou ou não e porquê. Algumas das opiniões que mais gosto de ler são sobre livros que já li mas em que o autor tem uma opinião diferente da minha e eu percebo perfeitamente porquê.
Não acho que exista uma forma certa de opinar sobre o que lemos, nem acho que devam existir consensos sobre o assunto. Para mim, não faz sentido escrever um texto a resumir a história e, no final, terminar com um simples “gostei” ou “não gostei”, mas que fique claro que não tenho nada contra quem o faz ou contra quem gosta de ler. Simplesmente não vai de encontro àquilo que eu faço e gosto de ler.
Claro que escrever opiniões é, também, um processo de aprendizagem. Quando leio a primeira opinião que escrevi aqui vem-me um sorriso aos lábios. Mas, na sua simplicidade, ao ler o que escrevi, consigo perceber que gostei e porquê. Entretanto, aprendi e evoluí (ou, pelo menos, gosto de pensar que sim) e espero continuar a fazê-lo. Há pessoas que estão num patamar completamente diferente e que eu acho que facilmente poderiam estar a ser pagas para escrever sobre livros, mas esse é um nível ao qual sei que não chegarei – nem tenho ambição de fazê-lo, sinceramente, porque não é essa a minha motivação para escrever sobre o que leio.
No fundo, este blogue é o meu arquivo pessoal e uma marca de um percurso. Os livros são fundamentais para mim e o que aqui guardo é, de certo modo, o registo desse percurso que tanto me orgulha. Claro que gosto que me leiam e que é bom ter feedback positivo, porque de outro modo não faria sentido tornar estes textos públicos. É uma sensação muito boa gostar de um livro, recomendá-lo e saber que a alguém o leu e gostou igualmente por minha causa. Mas a verdade é que a validação externa não é o que me move, e penso que este blogue é (nem que seja só um bocadinho) melhor por isso.