Autor: Anna Skyggebjerg
Título Original: Let’s Hygge and be Happy – Living Like the Danes (2016)
Editora: Arena
Páginas: 168
ISBN: 9789896651831
Tradutor: Isabel Veríssimo
Origem: Recebido para crítica
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Mas o que é hygge? A palavra é tão impossível de traduzir como difícil de pronunciar (huga é uma aproximação). É um conceito muito fácil de inserir no seu estilo de vida e que lhe trará serenidade, proximidade e felicidade. Para o conseguir, deve identificar pequenas «bolhas de união», rituais simples que alimentam a alma.
“Hygge — Ser Feliz à Dinamarquesa” apresenta uma série de ideias específicas para incluir o hygge na sua vida. E é garantido que se investir num pouco de hygge duplicará em felicidade. Afinal de contas, cinco milhões de Dinamarqueses não podem estar enganados.
Opinião: Hygge – uma palavra dinamarquesa que encerra, em si só, todo um estilo de vida que, segundo a autora Anna Skyggebjerg, é a grande chave da felicidade do povo dinamarquês. A verdade é que o Relatório Mundial da Felicidade de 2016, publicado pela ONU, que classifica os países de acordo com a nível de felicidade percebida pelos seus habitantes, revelou que a Dinamarca é o país mais feliz do mundo. Hygge – Ser Feliz à Dinamarquesa propõe-se revelar o que é o hygge e de que forma este conceito ajuda os dinamarqueses a serem pessoas de tão bem com a vida.
O hygge é, basicamente, uma forma de encarar a vida, dando importância às pequenas coisas, aproveitando o que de bom nos traz cada dia, vivendo com simplicidade e serenidade, ou como a autora refere, dar “importância do pormenor, fazer muito com pouco e saborear o momento“. Um bom exemplo: beber uma chávena de chá quente, em frente a uma lareira, debaixo de uma manta e com um livro no colo; coisas aparentemente simples e que trazem consigo uma perspetiva tão aconchegante de felicidade, não é?
Este pequeno livro apresenta-nos dicas hygge para aplicar em várias áreas da vida: família, crianças, indivíduo e casa. Em cada uma delas, a autora aproveita para ir explicando melhor o conceito de hygge, enquanto dá ao leitor ferramentas para tornar a sua vida mais feliz, ressalvando sempre que estas poderão ou não ser aplicáveis, dependendo da vontade individual e do contexto de vida pessoal. E aqui reside, quanto a mim, o cerne do interesse deste livro e da sua eventual aplicabilidade à realidade portuguesa: será que nos são dadas as condições ideais que permitam pôr em prática todas as ideias que este livro nos oferece?
A resposta a esta pergunta é complexa, mas eu diria que, de um modo geral, não é muito fácil. A minha perceção, depois de finda a leitura deste livro e de alguns artigos sobre o assunto, é que a Dinamarca é um país que, pelo seu contexto político-social, permite que as pessoas tenham tempo não só para desfrutar da família e dos amigos, como para elas próprias. De acordo com um estudo da OCDE, os dinamarqueses têm, em média, 16 horas de tempo livre por dia (incluindo sono) – uma vez e meia mais do que o segundo da lista. Ou seja, eu acho que a Dinamarca dá às pessoas as condições ideais para pôrem o hygge em prática; Portugal nem por isso. Por muito que eu queira, sair de casa às 8h30 da manhã e regressar às 19h não me dá propriamente muito tempo para fazer tudo aquilo que este livro sugere que eu faça para ser mais feliz. Não quer dizer que não possa fazer muitas destas coisas no tempo que me sobra, mas fica, sem dúvida, mais complicado.
No final de contas, fica comigo a ideia geral de que o hygge é um estilo de vida exemplar, e este é um livro com muitas ideias que eu gostaria de aproveitar. Apesar de nunca ser referido diretamente, todo este conceito aponta no sentido de desligar em termos tecnológicos – algo que eu sinto que estamos todos com muita necessidade de fazer. Não posso deixar também de referir que esta edição com elementos gráficos muito apelativos e que, quanto a mim, ajudam a transmitir muito bem o conceito apresentado, o que se torna ainda mais interessante porque tudo é feito apenas a preto e branco.
Classificação: 3/5 – Gostei