Autor: Maria Manuel Viana e Patrícia Reis
Ano de Publicação Original: 2016
Editora: Dom Quixote
Páginas: 176
ISBN: 9789722060073
Origem: Comprado
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Opinião: Estou há alguns dias a tentar perceber o que hei-de escrever em relação a este livro e, sinceramente, continuo um bocado no escuro. Há livros assim, que não se prestam a análises rápidas e inequívocas. Comecemos, talvez, pelo óbvio: a capa de Gramática do Medo é fantástica e foi, muito provavelmente, o que me fez adquiri-lo (às vezes sou assim, muito fácil). Trata-se de uma pintura do artista espanhol Dino Valls, de 2009, entitulada Limbus.
Relativamente à história, trata-se de uma narrativa contada a duas vozes – Mariana e Sara – por duas autoras portuguesas (de Patrícia Reis, já tinha lido, neste ano A Construção do Vazio e Maria Manuel Viana foi uma estreia para mim). No início do livro, Mariana desapareceu após embarcar num cruzeiro, sem dizer a ninguém – família ou amigos – qual o seu destino ou objetivo. Depois de muito tempo sem dar notícias, a família assume a sua morte e chega mesmo a fazer um funeral de caixão vazio. Mas Sara, amiga de longa data de Mariana, não acredita que ela tenha morrido e decide tentar encontrá-la.
As viagens constantes ao passado permitem ao leitor perceber como se conheceram e como evoluiu a relação entre as duas. Sara e Mariana, Mariana e Sara: duas faces da mesma moeda, que à medida que as páginas se vão virando percebemos ter uma relação muito mais complexa do que se poderia supor à primeira vista. A complexidade dessa relação acaba por ver-se refletida, de forma muito bem conseguida, na narrativa fragmentada e por vezes algo indefinida.
Tenho de confessar que este livro me deixou com sentimentos antagónicos. Apesar de, como referi acima, achar que o estilo narrativo se adequa muito bem ao tom da história, por vezes tive dificuldade em apreender o significado real daquilo que estava a ler. Não tenho problemas em admitir que me senti perdida amiúde e sem conseguir perceber realmente para onde as autoras me estava a querer levar, como leitora. A minha sensação foi que, às tantas, a história acaba por perder-se no meio de tanta complexidade. Apesar de serem as duas personagens com muitas nuances, acabei por gostar mais de Sara e foi nos capítulos dela que me senti mais ligada à história.
O final em aberto desiludiu-me. Acho que depois do relativo esforço que fiz para concluir a leitura esperava algo mais conclusivo, mais definitivo. Fiquei com a sensação que a viagem talvez fosse mais importante que o destino, mas a verdade é que não consegui apreciá-la devidamente. No final, fica a sensação de um livro bem escrito e com duas boas personagens, que acabou por me perder no enredo. Ou então fui eu que não percebi nada do que este livro me quis dizer.
Classificação: 2/5 – OK