Refletindo sobre… (4)

Refletindo

Há pouco tempo, surgiu este vídeo no Expresso onde se fala dos hábitos de leitura dos portugueses. Em linhas gerais, destaco os seguintes aspetos:

  • Em 2016, foram publicados em Portugal 16.598 livros;
  • O número de inscritos em bibliotecas públicas tem vindo a aumentar. Em 2015, estavam inscritos 1.359.316 pessoas, o que representou um acréscimo de 3% face a 2014, confirmando a tendência de anos anteriores;
  • 60 a 70% dos livros são vendidos entre setembro e dezembro, o que indicia que ainda se compra muito para oferecer como prenda de Natal;
  • O volume de vendas de livros de não ficção tem vindo a ganhar importância face aos livros de ficção;
  • O índice de leitura em Portugal é de 32%, bastante longe de Suécia (72%), Finlândia (65%) ou Reino Unido (63%);
  • Cerca de 30% dos portugueses lê entre 3 a 5 livros por ano;
  • São as mulheres quem mais lê, em praticamente todos os intervalos de número de livros lidos por ano;
  • Apenas 2% dos adultos com mais de 65 anos está neste momento a ler um livro.

A minha primeira reação depois de ver isto foi sentir-me deprimida e achar que vivo, de facto, numa bolha (literariamente falando). Porque mantenho este blogue, porque falo (quase) todos os dias sobre livros, ainda que a maioria das vezes seja de forma virtual, porque para mim pegar num livro e abri-lo é um ato tão natural como beber um copo de água, por vezes custa tomar um banho de realidade. Mas basta olhar à minha volta com mais atenção, seja para família próxima, amigos ou colegas de trabalho para perceber que, na realidade, poucos têm hábitos de leitura regulares. Aliás, mais rapidamente me elucidariam sobre as personagens da última novela ou do último reality show do que sobre o top de vendas de livros atual.

Na realidade, não tenho nada contra pessoas que optam por passar o seu tempo livre a ver programas de TV medíocres. O que me entristece nesta realidade é que a maioria destas pessoas não tem noção que está a perder o seu tempo com coisas medíocres. Não acho que todos tenham de gostar dos clássicos ou dos autores premiados com o Nobel, mas gostava que cada um tentasse encontrar um livro ou um autor que realmente lhe dissessem alguma coisa. Acho que, infelizmente, muita gente ainda continua a encarar a leitura como um ato aborrecido e demasiado exigente quando comparado com ver televisão ou navegar na Internet.

Considero que continuam a faltar ferramentas para o pensamento crítico e para a reflexão, e apesar de achar que este é um problema complexo e que carece de intervenção em várias áreas da sociedade – com especial relevo para a educação – também acho que a mudança tem de começar em nós e que pequenos atos podem fazer uma grande diferença a longo prazo. Dito isto, o que é que o comum dos mortais pode fazer para melhorar a situação? Continuar a ler, a comprar livros, a oferecer livros, a falar sobre livros, seja em pessoa ou virtualmente. Pouco a pouco, lá chegaremos.

mae-billboard

Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.