Opinião: Preso na Bolha | Stewart Foster

Autor: Stewart Foster
Título Original:
 The Bubble Boy (2016)
Editora: IN
Páginas: 288
ISBN: 9789897760013
Tradutor: Rui Azeredo
Origem: Recebido para crítica
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Sinopse: «Encolho os ombros porque estou a pensar numa coisa que parece estúpida. Mas é só chuva. As pessoas estão sempre a vê-la. Não as magoa. Se estivesse lá fora, ficava quieto e deixava a chuva cair-me na cabeça, deixava-a pingar-me do cabelo, ensopar-me a roupa e chegar à pele. Passaria a noite toda acordado e, pela manhã, caminhava por aquelas ruas até encontrar um parque com árvores e um lago, onde me deitaria na relva e deixaria a roupa secar ao sol. Nunca ninguém me contou como é sentir a chuva e o sol. Tentam, mas não conseguem descrever de uma forma que me faça sentir. Perguntei ao Henry se também pensava nisso, mas disse-me que não chove muito em Filadélfia. E, mesmo que chovesse, não conseguiria sentir a chuva através do fato quando pudesse sair.» Joe tem onze anos e é o miúdo preso na bolha e esta é a história de como ele passa os seus dias sem poder sair do seu quarto de hospital praticamente desde que nasceu. Uma narrativa única, comovente e divertida sobre solidão, frustração mas, acima de tudo, esperança. A esperança que os verdadeiros super-heróis nos inspiram sempre.

Opinião: Como será viver 24 horas por dia, todos os dias do ano, confinado a um curto espaço físico? O quarto de um hospital é o único sítio que Joe, de 11 anos, conhece, e onde tem de permanecer para que a sua imunodeficiência combinada severa não o vença. Está terminantemente proibido de sair do seu quarto e as visitas são limitadas aos enfermeiros, a irmã e uma equipa televisiva que o visita uma vez por ano para uma reportagem em curso sobre a sua peculiar vida.

Joe é, obviamente, um miúdo solitário, e esse elemento – a solidão – é por vezes destacado de uma forma dolorosa. Mas para uma criança de 11 anos, mesmo que não conheça o mundo repleto de cores e cheiros, a vida é um mar de possibilidades; por isso, no início da história encontramos um Joe relativamente esperançoso na sua vida, apesar das contínuas dificuldades que enfrenta. Contacta frequentemente um rapaz ligeiramente mais velho, Henry, que vive do outro lado do Atlântico e que padece de uma doença semelhante à sua. Ainda que nunca se tenham encontrado, por razões óbvias, Joe e Henry são os melhores amigos e trocam mensagens com frequência, apoiando-se mutuamente.

A chegada do enfermeiro Amir, com as suas teorias e ideias aparentemente loucas, potencia a esperança de Joe, mas aos mesmo tempo os seus medos, e é nesta altura que descobrimos a dose de coragem de que Joe se reveste todos os dias da sua frágil vida. Focando-se bastante na vida interior de Joe, ao revelar ao leitor os seus medos e esperanças, Stewart Foster oferece-nos um retrato emocional, intenso e genuíno do que será a vida de uma criança nestas condições, criando facilmente empatia com o leitor.

O positivismo e a mensagem de esperança que este livro transmite são notáveis, porque nos faz questionar sobre a importância de viver todos os dias da melhor forma que pudermos. Gostei que o autor não tivesse optado pela via do excesso de sentimentalismo, para o qual muitos dos livros com pessoas doentes resvalam. Preso na Bolha é um livro que consegue retratar muito bem uma realidade, emocionando o leitor sem nunca ficar a sensação de que isso é feito a qualquer custo. Joe permanece como uma personagem marcante, um verdadeiro herói. Porque nem todos os heróis vestem capas, certo?

Classificação: 4/5 – Gostei Bastante

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.