Este é o primeiro de vários textos que conto publicar por aqui semanalmente, que deverão ser, de um modo geral, reflexões sobre várias coisas relacionadas com o mundo dos livros e da minha experiência enquanto leitora. É certo que, volta e meia, tenho feito exercícios do género, mas nunca com o compromisso de uma periodicidade. Refleti um pouco sobre o assunto e achei que esta “obrigatoriedade” pode ser muito benéfica, tanto para mim, porque tem potencial para estimular a minha imaginação e desafiar a escrita, como para quem me lê, porque poderá trazer interesse acrescido em visitar este blogue.
Hoje queria falar sobre preconceito literário. O meu, isto é. Na Roda dos Livros de setembro, alguém recomendou A Marca de Todas as Coisas, da escritora Elizabeth Gilbert. O entusiasmo com que se falou deste livro causou-me, inicialmente, alguma surpresa. A Elizabeth Gilbert não era a autora do Comer, Orar, Amar, um bestseller sobre uma viagem espiritual que nunca tive vontade de ler porque sempre achei que era uma espécie de livro de auto-ajuda sem qualquer interesse? Mas quando soube mais sobre a história de A Marca de Todas as Coisas, um romance histórico sobre um mulher que se destacou no universo da Botânica, no século XIX, percebi que tinha catalogado Elizabeth Gilbert com um determinado rótulo e que, por esse motivo, a tinha inconscientemente excluído de futuras leituras.
Na semana passada, enquanto falava sobre o livro Fora do Mundo no Twitter, a Miúda Geek referiu-me outro livro de Elizabeth Gilbert, O Último Homem Americano, que fala também sobre um homem que decidiu, aos 17 anos, trocar o conforto da sua casa por uma vida nas montanhas dos Apalaches. Ora, no espaço de pouco tempo, em duas situações distintas, o nome de Elizabeth Gilbert surgiu-me à frente, lembrando-me que estava errada em tê-la colocado num cantinho, com um rótulo que eventualmente não se justifica. E isto fez-me refletir sobre as ideias pré-concebidas que tenho, enquanto leitora, e no enorme desejo que tenho em livrar-me de todas elas.
Não quer dizer, claro, que ache que tenha de ler todos os autores ou géneros de livros para poder ter a certeza que, afinal, não gosto. Com o tempo, o filtro tende a aplicar-se naturalmente. Mas, neste caso em concreto, percebi que Elizabeth Gilbert não é escritora de um só registo e isso, para mim, é um aspeto muito positivo. Não sei se irei ler algo dela em breve – ou se irei ler de todo – mas guardo para mim o que aprendi com esta situação e espero deixar de lado estes preconceitos sempre que puder.