Autor: Ken Follett
Título Original: A Column of Fire (2017)
Série: Kingsbridge #3
Editora: Editorial Presença
Páginas: 768
ISBN: 9789722360845
Tradutor: Isabel Nunes e Helena Sobral
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Mesmo tendo sido escrito há quase 30 anos, Os Pilares da Terra continua a ser, sem grande dúvida, o livro mais lido e adorado do escritor britânico Ken Follett. Dezoito anos depois surgiu Mundo sem Fim, a sequela decorrida dois séculos depois da história original, que recuperou a população de Kingsbridge no século XIV, durante o período da Peste Negra. Agora, Ken Follett decidiu prosseguir com esta série, voltando a Kingsbridge no século XVI, em pleno conflito religioso entre católicos e protestantes.
Em 1558, duas famílias se destacam em Kingsbridge: os Fitzgerald, católicos com um grande desejo de ascensão social, e os Willard, que prosperam à custa do comércio que faziam com a cidade de Calais, naquela altura sob jugo inglês. No início do livro, Ned Willard vê frustradas as suas intenções de casar com Margery Fitzgerald, que é obrigada pela família a unir-se ao Visconde Bart Shiring. Abatido, Ned decide abandonar Kingsbridge e prestar os seus serviços a Isabel I, nessa altura ainda apenas uma prossível pretendente ao trono, caso se desse o falecimento da atual rainha, Maria Tudor.
A partir desta altura, o leitor compreende que Ken Follett lhe preparou uma “viagem” que percorrerá vários países: em França, Pierre Aumande é um jovem ladrão, filho ilegítimo de uma família importante, que procura ascender socialmente a acaba no meio da corte francesa e de intrigas palacianas; em Espanha, o irmão de Ned, Barney, estava em Sevilha com familiares, quando as perseguições da Inquisição se iniciaram. Outras paragens são-lhe apresentadas, como a Holanda (à altura controlada pelos espanhóis) e a Nova Espanha (nomeadamente na Hispaniola). Na Europa, existe um fator comum: as lutas entre católicos e protestantes e o extremismo das duas posições contrabalançado pelo desejo de tolerância de algumas pessoas.
O período cronológico abordado neste livro é extenso (começa em 1558 e o epílogo decorre em 1620) e, como se sabe, esta época foi fértil em acontecimentos históricos: a ascensão da rainha Isabel I ao trono e a luta pela sua manutenção nessa posição (que incluiu a execução de Maria da Escócia, sua parente e pretendente ao trono, e a luta contra a Armada Invencível), a já referida luta entre católicos e protestantes, intrigas palacianas e assassinatos, entre muitos outros. Ken Follett conseguiu, a meu ver, apresentar um retrato bastante fiel (daquilo que sei desta época histórica) e detalhado aos seus leitores.
Uma Coluna de Fogo é uma boa lição de história, que me fez mais lembrar a série “O Século” do que propriamente Os Pilares da Terra, pela sua abrangência e importância dada aos factos históricos que rodeavam as suas personagens ficcionais. Na minha opinião, ao contrário do que aconteceu no primeiro volume da série “Kingsbridge”, este volume foca-se muito menos na localidade de Kingsbridge e nas vicissitudes da vida dos seus habitantes, tornando-o, por esse motivo, menos cativante.
Claro que há personagens muito interessantes, e aqui tenho de referir Pierre Aumande, que a meu ver foi a mais bem conseguida. No início, quase não sabemos se havemos de gostar dele ou odiá-lo, ainda que a sua sede de poder e capacidades de manipulação deixem adivinhar que aquela personagem irá cair numa espiral de destruição. Os capítulos com a sua perspetiva foram, sem dúvida, os que mais gostei de ler.
Apesar de longo, Uma Coluna de Fogo manteve quase sempre o meu interesse. Considero apenas que a narrativa poderia ter sido encurtada em algumas secções sem prejuízo da sua qualidade, antes pelo contrário. No cômputo geral, foi uma boa leitura, que me entreteve e com a qual aprendi coisas novas ou recordei algumas que já sabia sobre este período em concreto da história.
Classificação: 3/5 – Gostei
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