Autor: Kristin Hannah
Título Original: The Nightingale (2015)
Editora: Bertrand
Páginas: 504
ISBN: 9789722532099
Tradutor: Marta Pinho
Origem: Comprado
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Opinião: Sabem aqueles livros sobre os quais vamos lendo coisas tão boas que as expectativas ficam tão impossivelmente altas e nos convencemos que vamos adorar, independentemente de tudo o resto? Pois, foi o que me aconteceu com O Rouxinol, da escritora norte-americana Kristin Hannah. Era um livro que, aparentemente, tinha tudo para se tornar um dos favoritos de sempre: romance histórico decorrido na 2.ª Guerra Mundial, época histórica da minha preferência, uma narrativa emocionada de duas irmãs francesas que lutam para sobreviver num país ocupado, cada uma à sua maneira, e a promessa de emoções fortes, numa história narrada com grande sensibilidade. Será que conseguiu?
O Rouxinol leva-nos à França no início da 2.ª Guerra Mundial. Vianne vê o marido partir para se juntar ao exército, ficando a cuidar da casa e da filha de ambos em Carriveau, uma localidade no interior do país, que em breve é ocupada pelas forças alemãs. A irmã mais nova de Vianne, Isabelle, é uma jovem intrépida e revolucionária, que não se conforma com a passividade dos responsáveis franceses na aceitação da ocupação alemã, e é por isso que decide juntar-se às forças rebeldes, ajudando a evacuar pilotos ingleses através de uma rota que os levava a porto seguro em Espanha.
O livro baseia-se muito nas vivências femininas em período de guerra, uma abordagem eventualmente pouco explorada na literatura. As mulheres que ficaram em casa e tiveram de “segurar o barco”, por assim dizer, viram-se muitas vezes confrontadas com invasões de propriedade e apropriação de bens por parte de oficiais e soldados nazis e, para além de tudo isso, ainda tiveram de suportar agressões físicas e psicológicas. A experiência de Vianne, nesse aspeto, passa de uma convivência saudável – e mesmo amigável – a uma experiência aterrorizadora. Se no início Vianne parece a menos corajosa das duas irmãs, depressa nos apercebemos que a sua força interior e espírito de sobrevivência são notáveis. Foi, sem dúvida, das duas irmãs, aquela com quem mais me identifiquei.
Tenho de confessar que o início do livro não me entusiasmou por aí além. Não gostei muito de Isabelle, porque tive dificuldade em ver as suas qualidades para além das atitudes desafiadoras e imaturas que tomou. O seu interesse amoroso, surgido na parte inicial da narrativa, fez-me temer o aparecimento de alguma lamechice que, felizmente, não se concretizou. Acabei por ser agradavelmente surpreendida com o rumo que várias pontas do enredo tomaram, precisamente porque não foram previsíveis e não seguiram o caminho mais fácil. Passado o primeiro impacto, a narrativa assume contornos muito envolventes, em muito ajudados pelos capítulos ocasionais, narrados por uma das irmãs 50 anos depois do fim da Guerra, em relação à qual só no fim descobrimos a identidade.
A parte final do livro trouxe-me lágrimas aos olhos e eu dificilmente choro quando leio um livro. A autora consegue que nos sintamos envolvidos com a história das duas irmãs, da sua família e dos seus amigos, ao ponto de ficarmos verdadeiramente emocionados com o seu destino. Penso que este é o grande trunfo de O Rouxinol, a par da visão importante daquilo que foi o dia-a-dia das mulheres neste importante conflito mundial. Apesar de não considerar que seja um livro perfeito, por achar que a sua parte inicial não é tão forte como o restante, foi um livro que gostei muito de ler e me emocionou. Recomendo vivamente.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante