Autor: Pei-Yu Chang
Ano de Publicação: 2017
Editora: Nuvem de Letras
Páginas: 48
ISBN: 9789896652296
Origem: Recebido para crítica
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No entanto, um dia, o seu país decide que os homens excepcionais com ideias extraordinárias são perigosos e devem ser presos.
O senhor Benjamin tem de fugir.
Consigo, leva apenas uma mala — uma grande, pesada e misteriosa mala.
Opinião: Antes de ler este livro, não fazia a mais pequena ideia de quem tinha sido Walter Benjamin. Filósofo e ensaísta alemão e judeu, tinha-se mudado para Paris na primeira metade da década de 1930 para fugir ao nazismo alemão, mas perante a perspetiva de a cidade ser tomada pelos seus conterrâneos em 1940, conseguiu obter um visto para viajar para os Estados Unidos. O plano era cruzar a fronteira franco-espanhola, atravessar Espanha e Portugal e partir de Lisboa para o outro lado do Atlântico, mas perante as dificuldades que encontrou quando tentava atravessar os Pirinéus, Walter Benjamin acabou por suicidar-se em Portbou – ainda que o grupo com que viajava tivesse acabado por conseguir seguir viagem, pouco tempo depois.
A mala misteriosa do senhor Benjamin conta a história da sua fuga, acrescentando um elemento de mistério consubstanciado na mala que Walter transportava consigo e que ia contra todas as recomendações feitas pela Sra. Fittko (personagem real que ajudou milhares de judeus a escaparem a um destino infeliz) de limitar ao mínimo o que cada um levava consigo. O segredo do conteúdo da mala – nunca revelado – é o elemento catalisador da imaginação dos mais pequenos, num livro que os poderá começar a mostrar-lhes a realidade do que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, sem nunca se tornar demasiado pesado ou opressivo. Pei-Yu Chang procurou, quanto a mim, destacar a luz no meio da escuridão, emprestando um elemento de esperança à história que nos mostra, num meio graficamente apelativo.
Se para os mais pequenos poderá servir de introdução ao conhecimento sobre os acontecimentos que marcaram a Segunda Guerra Mundial, para os adultos levanta a hipótese – como me sucedeu – de conhecerem mais uma mente brilhante que se viu impedida de continuar a partilhar o seu conhecimento com o mundo pela perseguição de que os judeus foram alvo na época. Muito interessante.