Autor: Patrícia Reis
Ano de Publicação: 2017
Editora: Dom Quixote
Páginas: 153
ISBN: 9789722062312
Origem: Empréstimo
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Será possível atenuar a dor?
Como se resiste ao fantasma real da infância?
Que decisões partem dessa memória e podem limitar a vida?
Sofia abriga-se na amizade de três homens, Eduardo, Jaime e Lourenço, e vive sem desejo, sem vontade, de construção em construção, sendo o vazio o objectivo final.
Esta personagem surge pela primeira vez no livro Por Este Mundo Acima (2011) e faz parte do território ficcional da autora que, com A Construção do Vazio, termina um ciclo de três narrativas independentes iniciado em 2008, com o romance No Silêncio de Deus.
Opinião: Receei pegar neste A Construção do Vazio como minha primeira leitura da escritora portuguesa Patrícia Reis, por saber da existência neste livro de personagens recorrentes na obra anterior da autora, dentro de um universo ficcional já existente. Ainda assim, quis arriscar porque já há algum tempo que ouço e leio coisas muito boas sobre a obra de Patrícia Reis da parte de pessoas cuja opinião prezo bastante.
A Construção do Vazio tem um início avassalador. Não só porque os acontecimentos relatados são terríveis, mas pela forma como Patrícia Reis os coloca em palavras, com uma brutal sensibilidade. Sofia, a menina filha de uma mãe de aparências e pouco amor, é vítima de abuso da parte do pai. Sem nunca cair na banalidade, a autora mostra-nos a forma inocente como esta criança aceita com relativa normalidade o que lhe acontece.
O resto do livro relata a construção da vida de Sofia sobre o vazio que o abuso deixou na sua vida. Por mais que tente, tudo o que vive e sente é influenciado por essas marcas indeléveis, que a transformaram numa mulher constantemente à procura de si e de um sentido para a sua vida. Amores, desamores, amizades… tudo é uma constante na vida de Sofia, cujos silêncios teimam em não ser preenchidos pela verdade.
Como já referi, o início deste livro impressionou-me bastante, mas tenho de confessar que o meu interesse se foi dispersando com o avançar da história. A leitura é relativamente rápida e as personagens e acontecimentos cobertos são bastantes, por isso fiquei com a sensação que poderia ter havido mais espaço para explorar quem eram aquelas pessoas e os relacionamentos entre elas. Não sei se ter lido os outros livros dentro deste universo ficcional teria ajudado, mas para ser muito sincera soube-me a pouco em termos de enredo. Quanto à escrita, essa achei irrepreensível e muito acima da média.
Em jeito de resumo, talvez tenha partido para A Construção do Vazio com as expectativas talvez demasiado elevadas. Não posso negar que é uma livro muito bem escrito, com um início muito forte, mas esperava algo mais a nível do enredo que lhe seguiu. Apesar disso, quero sem dúvida ler mais da autora – talvez não fosse má ideia pegar n’”A Gramática do Medo”, que Patrícia Reis escreveu a meias com Maria Manuel Viana, e que tenho em casa por ler.
Classificação: 3/5 – Gostei