Não tenho recordações de infância ligadas à Feira do Livro de Lisboa. Não me lembro sequer de lá ter ido muitas vezes em miúda, por isso não é para mim um evento nostálgico, ligado a um tempo perdido que já não voltará. A minha ligação à Feira do Livro começou já em adulta, quando o gosto pela leitura se enraizou definitivamente. Lembro-me de alguns passeios, quando andava na universidade e tinha os tostões contados; nessa altura, o maravilhamento perante tanta variedade era enorme, mas infelizmente não podia comprar tudo o que gostaria.
Não consigo dissociar a criação do Estante de Livros à minha ligação com a Feira do Livro de Lisboa. Foi por causa deste blogue que comecei a conhecer o evento com mais detalhe, que comecei a investigar os livros do dia, que conheci pessoas com quem já tantas vezes me encontrei por lá, pessoas que considero amigas. Os anos foram passando, conheci novos amigos e outros deixei de contactar com tanta frequência, mas sei que dificilmente passearei na Feira do Livro de Lisboa, seja em que dia ou hora for, sem encontrar uma cara conhecida e que percebe perfeitamente a necessidade de subir e descer o Parque Eduardo VII para ver, folhear e sentir a companhia dos livros, mesmo que nem lá vá a pensar comprar alguma coisa em especial.
Em 2016 foi a primeira vez que lá passeei com amigos da Roda dos Livros; foi também a primeira vez que participei no encontro do Grupo dos Livrólicos Anónimos. E nunca me tinha sentado ao lado de tantos autores, aproveitando a oportunidade única de poder dizer-lhes pessoalmente o quanto os seus livros me marcaram. Nunca tinha explorado muito esta componente de contacto pessoal, por isso o ano que passou foi especialmente marcante. Não sei como será este ano, quantos dias lá poderei ir ou quantas Horas H vou aproveitar, mas aconteça o que acontecer já não consigo deixar de encarar a Feira do Livro de Lisboa como minha, um evento em que quererei estar em todos os anos que a vida me permitir.