Autor: Blake Crouch
Título Original: Dark Matter (2016)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 424
ISBN: 9789896651343
Tradutor: Margarida Filipe
Origem: Recebido para crítica
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Neste mundo em que acordou, a vida de Jason não é a que ele conhece. A sua mulher não é a sua mulher. O seu filho não terá nascido. E ele não é um professor de Física numa faculdade medíocre, mas um génio reconhecido que foi capaz de algo notável, algo que se acreditava impossível.
É este o mundo real ou será um sonho? E, mesmo que a casa da qual se lembra seja real, como pode Jason voltar para a família que tanto ama? As respostas encontram-se numa viagem maravilhosa e mais assustadora do que ele poderia imaginar, uma viagem que o vai forçar a enfrentar o mais obscuro de si mesmo, ao mesmo tempo que luta contra um inimigo terrível, aparentemente imbatível.
Opinião: Gostei muito da trilogia Wayward Pines, do norte-americano Blake Crouch, e por isso foi com natural curiosidade que encarei a leitura de Matéria Escura, o mais recente livro do autor e que, ainda em fase de manuscrito, viu os seus direitos serem adquiridos pela Sony para uma adaptação cinematográfica. Olhando para a premissa da história, percebe-se porquê: depois de ser raptado, um homem acorda num mundo diferente daquele que conhece. Em vez de ter desistido de um carreira brilhante no campo da Física em prol da família, nesta realidade Jason é reconhecido pelo seu génio, enquanto que Daniela não se tornou sua esposa e o seu filho Charlie não existe.
A premissa pode, à partida, fazer lembrar a da trilogia Wayward Pines, mas se é certo que a componente de ficção científica é um elemento em comum, a forma como é explorada é completamente distinta. Blake Crouch aborda aqui conceitos de física quântica e a hipótese de multiverso (ou universos paralelos), que acho absolutamente fascinante. Neste caso em concreto, o autor levanta a hipótese da existência de vários universos determinados pelas mais variadas decisões que um indivíduo pode tomar ao longo da vida.
Blake Crouch não é daqueles escritores que demorem muito tempo com as suas descrições, com uma musicalidade especial nas palavras que escreve ou que foque a sua atenção no estilo. Dá mais importância às ideias, ao enredo e à forma como este se desenvolve. Isto revela-se nas frases curtas e na dinâmica dos acontecimentos, que têm como resultado uma leitura rápida e praticamente imparável. Não é necessariamente bom ou mau; pessoalmente, acho que funciona muito bem com este tipo de história.
Matéria Escura apresenta hipóteses que a um leigo, como eu, parecem bem fundamentadas cientificamente e que cativam pelas possibilidades que levantam. O que faríamos se nos víssemos na mesma situação da personagem principal? Gostaríamos de ter a possibilidade de viver uma vida em que tivéssemos (ou não) tomado opções que mudaram a nossa vida de forma fundamental? Gosto muito deste tipo de reflexões, e é esta a mais-valia que encontro neste livro. O conceito de multiverso não é propriamente original, mas agradou-me muito a forma como Blake Crouch o utiliza neste livro. Recomendo!
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante