Autor: Jodi Picoult
Título Original: The Storyteller (2013)
Editora: Bertrand
Páginas: 528
ISBN: 9789722530989
Tradutor: Maria da Graça Pinhão e José Vala Roberto
Origem: Comprado
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Tudo muda no dia em que Josef confessa um segredo vergonhoso há muito escondido e pede a Sage um favor extraordinário. Se ela disser que sim, irá enfrentar não só as repercussões morais do seu ato, como também potenciais repercussões legais. Agora que a integridade do amigo mais chegado que alguma vez teve está envolta numa névoa, Sage começa a questionar os seus pressupostos e as expectativas em torno da sua vida e da sua família.
Opinião: Jodi Picoult já se tornou, para mim, numa aposta segura. Os seus livros abordam, invariavelmente, questões que implicam reflexão por parte do leitor e que, por isso, acabam por deixá-lo mais rico quando a leitura termina. A Contadora de Histórias foi um dos últimos livros da autora a serem publicados em Portugal e, depois de lidas algumas opiniões bastante positivas e tendo em conta que ultimamente ando com apetência por leituras que abordem o Holocausto, decidi-me a iniciar este livro.
A Contadora de Histórias é narrada na primeira pessoa a duas vozes: Sage Singer, uma jovem padeira, marcada pelo acidente de viação que vitimou os seus pais e pela cicatriz no rosto que este lhe deixou; e Minka, avó de Sage e sobrevivente do Holocausto. A história é inicialmente narrada por Sage, e é pela sua voz que presenciamos o início da sua amizade com Josef Weber, um homem de 95 anos que acaba por lhe revelar um segredo terrível, o de que outrora fez parte das SS nazis e que os crimes de guerra que cometeu continuam a assombrá-lo, ao fim de tantos anos. Josef acha que devia morrer e faz a Sage um pedido: quer que ela o ajude a consegui-lo.
É na sequência destas revelações que entra a história de Minka, numa segunda parte do livro. Conhecemos a sua infância na Polónia e a crescente perseguição aos judeus da parte dos nazis, que culmina com a sua ida para Auschwitz. Acho que não estarei a dizer nenhuma barbaridade ao afirmar que Jodi Picoult não é conhecida pelo género do romance histórico, e por isso admito que estava algo reticente – ainda que curiosa – para ver que tal se saía. A conclusão é que se saiu muitíssimo bem, e diria mesmo que a componente histórica do livro, bem como a personagem que lhe dá vida, é o seu ponto alto. A parte central da história, quando presenciamos os horrores por que Minka passou, brilha pela emotividade com que é narrada, nunca caindo em lugares-comuns ou demasiada lamechice. Quase me fez desejar que todo o livro fosse sobre Minka.
A Contadora de Histórias acaba por sofrer um pouco da disparidade de interesse que as duas linhas narrativas despertam no leitor. É certo que na secção contemporânea temos uma personagem com as suas complexidades e dificuldades, mas a partir do momento em que a história do passado começa a surgir, não só pela voz de Minka mas também pela de Josef, o principal interesse da narrativa do presente é precisamente o de saber o que o futuro próximo reserva aos dois. O livro tem um twist final bem pensado, mas que acabou por não ter em mim o impacto que a autora certamente pretendeu, uma vez que foi um cenário que já tinha traçado.
No final de contas, gostei muito de A Contadora de Histórias. Não é um livro perfeito, mas é uma leitura rica e recompensadora, que me fez refletir sobre o poder do perdão. É provavelmente o melhor livro que li de Jodi Picoult até à data, e por isso só posso recomendar.
Não sei o que essa pessoa te fez, e não tenho a certeza se o quero saber. Mas perdoar não é algo que se faz por alguém. É algo que fazemos por nós próprios. É dizer: Não és suficientemente importante para teres poder sobre mim. É dizer: Não me vais deixar presa ao passado. Eu mereço um futuro.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante