Autor: Clare Mackintosh
Título Original: I Let You Go (2014)
Editora: Marcador
Páginas: 360
ISBN: 9789897542619
Tradutor: Fátima Martins
Origem: Comprado
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Opinião: Por vezes, é complicado ficar indiferente ao entusiasmo de um grande número de leitores perante determinado livro. A curiosidade muito dificilmente é contida e não descansamos enquanto não pegamos nesse livro e descobrimos (ou não) o porquê desse entusiasmo. Com Deixei-te Ir, foi claramente isso que me aconteceu; depois de ler tantas opiniões positivas e de ter reparado que é um livro com classificação muito positiva no Goodreads (normalmente, identifico-me com os leitores desta plataforma), comprei o livro num impulso e pus-me quase de imediato a lê-lo.
Há livros cujo enredo é bom não detalhar, não só para evitar spoilers, obviamente, mas também porque a melhor experiência de leitura acontece se pouco ou nada se souber sobre a história. Direi apenas o essencial: trata-se da história de uma criança de cinco anos que é atropelada mortalmente e das consequências que este acontecimento terá para a vida dos envolvidos. Clare Mackintosh escolheu uma estrutura de capítulos alternados entre pontos de vista da equipa policial que tenta encontrar o culpado do atropelamento e Jenna Gray, uma mãe sem filho que vive assombrada pela visão da criança a ser atropelada.
Deixei-te Ir é composto por duas partes distintas, separadas por uma revelação, sensivelmente a meio do livro, que altera tudo aquilo que o leitor tinha dado como certo até então. É um twist que gera vontade de reler todas as páginas que ficaram para trás e que revelam a forma inteligente como a autora construiu toda a trama de modo a enganar o leitor sem nunca trair a verdade daquilo que se encontra prestes a revelar. Gostei bastante deste elemento, tal como tinha vindo a gostar do que a autora nos estava a mostrar até então. Apesar do ritmo algo lento, a contrariar um pouco a conotação de thriller a que está associado, estava a agradar-me o espaço que a autora estava a dar às suas personagens para crescer: Jenna, ainda traumatizada com a morte do pequeno Jacob, mas a tentar recomeçar a sua vida noutro local; Ray e Kate, os investigadores, a lutarem para descobrir quem foi o causador do atropelamento e fuga, enquanto tentam lidar também com os seus problemas pessoais.
A partir da referida revelação, o ritmo da história fica eletrizante, também pela inclusão de mais uma personagem com capítulos próprios; os novos elementos e a curiosidade por saber o que se seguirá fazem com que o leitor deseje chegar com rapidez ao final para saber o que realmente aconteceu. O meu problema com este livro foi a mudança completa do foco do enredo, bem como a excessiva caracterização da nova personagem, que às tantas já só me parecia uma caricatura. Houve uma outra revelação mesmo no final do livro que senti não acrescentar nada e só lá estar com o objetivo de chocar.
Em suma, foi um livro que ficou aquém das minhas expectativas. Para isso pode ter contribuído o período mais instável que atravesso no que às leituras diz respeito, a avaliar pela quantidade de pessoas que adorou este livro, mas de qualquer forma não foi uma leitura que me tivesse marcado ou que possa recomendar sem reservas.
Classificação: 3/5 – Gostei