Autor: Graham Moore
Título Original: The Sherlockian (2010)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 448
ISBN: 9789896651060
Tradutor: José Remelhe
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Sherlock Holmes é, provavelmente, o detetive mais famoso do mundo. Criado por Sir Arthur Conan Doyle, apareceu pela primeira vez na revista Strand, em 1887, com Um Estudo em Vermelho, e o sucesso foi tal que a personagem extravasou há muito as páginas onde apareceu. e tornou-se, por direito próprio, umas das figuras centrais do imaginário coletivo no que respeita à literatura. Não é o meu detetive famoso preferido (esse lugar é ocupado pelo Poirot de Agatha Christie), mas gostei bastante das histórias que li dele e da sua personalidade peculiar. Ainda me resta alguma coisa por ler e este O Homem que Matou Sherlock Holmes renovou, sem dúvida, o meu interesse pela personagem, para além de me ter dado a conhecer mais sobre a vida do seu criador.
Este livro segue duas linhas temporais, com alguns pontos de contacto: no final do século XIX, encontramos Arthur Conan Doyle no “Grande Hiato”, o período posterior à publicação de O Problema Final, em que o autor matou Sherlock Holmes e este seria aparentemente o final do detetive. Conan Doyle estava com dificuldades em lidar com a fama da sua personagem e tinha vontade de se dedicar a outros temas na escrita, mas viu-se envolvido na investigação de alguns casos policiais relacionados com a morte de algumas jovens, aparentemente às mãos do mesmo perpetrador. A outra linha temporal situa-se em 2010, quando Harold White consegue, finalmente, entrar no restrito clube “Maltrapilhos de Baker Street” (que existe na realidade e foi fundado em 1934), um grupo de entusiastas do detetive fictício e onde só se entra por convite. Pouco tempo depois, um dos membros do clube anuncia que descobriu o diário perdido de Arthur Conan Doyle, que cobriu o outono-inverno de 1900 (precisamente a época que acompanhamos na outra linha temporal), mas aparece morto pouco tempo depois, antes de anunciar o conteúdo do documento perdido.
Os dois enredos que compõem o livro avançam movidos pelos dois casos policiais, com capítulos intercalados que normalmente terminam num ponto que deixa o leitor curioso para saber o que acontecerá de seguida. Confesso que gostei mais da linha temporal de Sir Arthur Conan Doyle, pelo interesse dos factos que Graham Moore revela sobre o escritor e sobre a sua relação com Bram Stoker, ainda que admita que a busca pelo diário perdido e a morte do “maltrapilho” que o tivessem em seu poder tinham maior interesse a nível de caso policial – o que confirmei pela sua resolução. Harold White, o exímio connaisseur de Sherlock Holmes e da literatura em geral, é o anti-herói da linha temporal mais recente que, quanto a mim, peca um pouco por parecer uma personagem com imenso potencial, cujo desenvolvimento deixa algo a desejar.
Na parte do enredo que acompanha Arthur Conan Doyle foi muito interessante, para além de saber mais sobre a vida pessoal do autor, a questão da separação entre realidade e ficção e a “confusão” entre autores e personagens. Mais: a aversão de Conan Doyle a Sherlock Holmes, por contraposição ao amor dos seus leitores à personagem, fez-me refletir sobre a responsabilidade do autor perante quem o lê.
Finda a leitura, e ainda que não se tenha revelado marcante, ficam as agradáveis horas de entretenimento que o livro me proporcinou e a vontade não só de regressar às histórias de Sherlock Holmes, mas também de saber mais sobre a aparentemente fascinante figura do escritor Arthur Conan Doyle.
Classificação: 3/5 – Gostei