Autor: Katarina Bivald
Título Original: Läsarna i Broken Wheel rekommenderar (2013)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 495
ISBN: 9789896650704
Tradutor: Margarida Filipe
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: “Em princípio, [os livros] são melhor que a realidade. Mais grandiosos, mais divertidos, mais bonitos, mais trágicos, mais românticos“. Esta é uma das muitas citações que se podiam retirar de A Livraria dos Finais Felizes e que demonstram a relação de Sara, a sua protagonista, com os livros e a forma como eles moldam a sua vida. Sara, uma jovem sueca e ex-livreira, ruma a uma pequena cidade norte-americana do Iowa, para se encontrar com Amy, com quem se correspondeu durante algum tempo, e com quem criou uma amizade baseada na troca de experiências literárias. Vendo-se sem emprego e sem grande coisa que a fizesse permanecer na Suécia, Sara decide passar um par de meses em Broken Wheel, na América remota, localidade que tinha ganho vida para Sara através das palavras de Amy.
Mas quando Sara chega a Broken Wheel a sua amiga Amy tinha acabado de sucumbir a uma doença e já não estava lá para a receber. Sara sente-se perdida, mas acaba por permanecer, encontrando sentido na sua estadia em Broken Wheel quando decide lá abrir uma livraria com os livros de Amy, esperando com isso espalhar o seu amor (e o de Amy) pelos livros, enquanto resgataria Broken Wheel e os seus moradores da apatia e conformismo: “Havia uma certa tristeza na cidade, como se gerações e gerações de problemas e desilusões estivessem impregnadas nos seus tijolos e ruas.“
O livro é fértil em referências literárias, que lhe dão uma aura muito especial com a qual praticamente todos os leitores se vão identificar. Fala-se em muitos e variados livros, desde os clássicos aos contemporâneos, fazendo sempre a autora questão de salientar a ideia de que o importante não é o dever-se ler determinados livros, mas sim o simples ato de se querer ler. “Há sempre uma pessoa para cada livro. E um livro para cada pessoa.” é o mote deste livro, e um com o qual tendo a concordar.
Mas a literatura acaba por ser apenas uma forma de reforçar o sentido de comunidade e entreajuda que existem normalmente nas localidades mais pequenas e é aí também que penso que a autora queria chegar. Há uma certa nostalgia em Broken Wheel e a certeza no leitor que aquela pequena cidade irá florescer apesar de todos os contras. Aliás, os finais felizes a que o título do livro alude são algo que o leitor espera e, provavelmente, deseja. É lá que Sara vai encontrar finalmente um sítio onde sente que pertence, e esse sentimento de pertença é fundamental no desenrolar desta história.
É um livro completamente despretensioso, e julgo que a sua maior qualidade é nunca desejar ser mais do que é na verdade. A Livraria dos Finais Felizes é daqueles livros que nos fazem sentir bem, com uma história que, apesar de previsível, proporciona conforto pela presença dos livros e de uma protagonista com o qual muitos leitores se identificarão.
“… os livros são fantásticos, e é provável que dêem muito jeito quando estamos numa cabana na floresta, mas qual é a piada de ler um livro fantástico se não se pode falar com os outros sobre ele, discuti-lo, citá-lo constantemente?“
Classificação: 3/5 – Gostei