Autor: Duarte Nuno Braga
Ano de Publicação: 2016
Editora: Editorial Presença
Páginas: 255
ISBN: 9789722358248
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Quem foi, afinal, o primeiro navegador português a descobrir o Brasil? A resposta comummente aceite é Pedro Álvares Cabral, em 1500, mas em A Confissão do Navegador, Duarte Nuno Braga propõe-se a desmistificar esta ideia e a provar que, em 1493 – um ano antes da assinatura do famoso Tratado de Tordesilhas – , o navegador Duarte Pacheco Pereira empreendeu uma missão secreta a mando de D. João II, durante a qual terá sido avistado pela primeira vez o Monte Pascoal e, em consequência, a primeira porção de terra hoje pertencente ao Brasil.
Mas esta viagem está longe de ser o centro deste livro; o enredo centra-se, basicamente, nas mais importantes missões de Duarte Pacheco Pereira. Para além desta importante viagem de exploração, o navegador rumou, em 1503, a terras indianas, a fim de guarnecer a Fortaleza de Cochim, aliando-se ao Rajá local para suster a investida do Samorim de Calecute.
Por uma questão de mero gosto pessoal, senti-me mais entusiasmada pela primeira parte; talvez por me sentir mais fascinada pela questão da descoberta do que pela sua manutenção e também porque a intencionalidade desta viagem exploratória de Duarte Pacheco Pereira continua a levantar algumas dúvidas nos historiadores (pelo menos foi o que concluí da breve pesquisa que fiz). A segunda parte, que decorre na Índia, revelou-se um pouco menos entusiasmante, ainda que seja de louvar a presença de diversos detalhes estratégicos e militares que, a meu ver, ajudam a que a narrativa se torne mais verosímil e interessante.
Gostei da dimensão humana e espiritual com que o autor caracterizou a sua personagem principal. O constante dilema entre amor e dever ajudam a que o leitor crie uma maior empatia com Duarte Pacheco Pereira, que não é beliscada pela diferença de valores que se verificaram na sociedade desde então.
Pareceu-me sinceramente um bom primeiro romance: bem escrito, com um tema interessante e com personagens bem trabalhadas. Ficarei atenta a futuros trabalhos de Duarte Nuno Braga.
Duarte quase poderia viver toda a sua vida no seio do vasto oceano, usufruindo de uma felicidade simples mas extrema. Os navios tinham para o capitão uma aura transcendente, como que uma energia muito própria. Eram como um elo de ligação entre a terra e o mar, por um lado, e o mar e o céu, por outro. Como se Deus lá em cima Se divertisse com o seu barquinho de brincar, entrelaçando-o nos quatro elementos. As suas mãos eram a terra que enxugava água das suas lágrimas. O ar que os empurrava era o seu sopro de esperança e o fogo do Sol o calor do seu coração que os aquecia.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante
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