Autor: Agnès Martin-Lugand
Título Original: La vie est facile, ne t’inquiète pas (2015)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 232
ISBN: 9789896650346
Tradutor: Rita Carvalho e Guerra
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Ponto prévio: não li As Pessoas Felizes Lêem e Bebem Café, publicado em Portugal em 2014, o primeiro livro em que Diane e a sua história pessoal são apresentadas. Este A vida é fácil, não te preocupes é uma sequela desse livro e, por isso, senti algum receio de partir para esta leitura e sentir que estava a apanhar o comboio em andamento, prejudicando a leitura por esse motivo. Felizmente, não aconteceu; ainda que a princípio me tenha sentido um pouco perdida por algumas referências, a autora vai relembrando acontecimentos do primeiro livro a quem já conhece a história de uma forma que não se torna demasiado óbvia ou cansativa, enquanto que os novos leitores se vão inteirando do que já aconteceu.
E é assim que encontramos Diane, uma mulher profundamente marcada pela dor da perda da filha e do marido há 3 anos. O tempo passou e trouxe algum alívio a Diane, especialmente através do café literário onde trabalha em Paris e que se tornou uma segunda casa para ela. Depois de ter passado 1 ano na Irlanda, período repleto de alegrias e tristezas (e que constituem o grosso do enredo de As Pessoas Felizes Lêem e Bebem Café) outro ano se passou e a vida de Diane parece finalmente encaminhar-se, quando consegue adquirir o espaço onde trabalha e uma nova relação surge na sua vida. Mas as coisas mal resolvidas na Irlanda e a dor com que regressou de lá parecem estar sempre presentes no seu subconsciente e a determinada altura do livro as pessoas que lá vivem e que fizeram parte do dia-a-dia de Diane regressam, fazendo com que Diane comece a questionar algumas decisões e o próprio rumo da sua vida.
O tema principal deste livro é o luto, mostrando que é possível ultrapassá-lo. Não há uma forma certa, um momento exato, que se aplique a todas as pessoas e Agnès Martin-Lugand consegue construir uma personagem interessante, com dramas reais que nunca parecem forçados. O luto não é tratado de forma demasiado negra, parecendo até ser abordado algo superficialmente, mas acabei por perceber que isso foi intencional e de outro modo não seria consistente com a história que a autora queria contar.
O livro é difícil de largar. Não é que o final seja muito imprevisível, mas a autora consegue envolver o leitor na vida e decisões de Diane, de tal modo que é complicado parar a leitura antes de virar a página final. É um livro que cativa pela ligação emocional que cria com o leitor; pessoalmente, foi uma leitura que me fez sentir bem e, por vezes, é só disso que precisamos. Recomendo!
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante