Autor: Marek Halter
Título Original: Khadija (2014)
Série: As Mulheres do Islão #1
Editora: Bizâncio
Páginas: 336
ISBN: 9789725305614
Tradutor: Maria Carvalho
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Confesso o meu desinteresse pela religião numa perspetiva pessoal, mas como gosto de aprender e de conhecer mais sobre a história da civilização humana, foi com grande curiosidade que iniciei a leitura de Khadija – A Mulher de Maomé, primeiro volume de uma trilogia do escritor polaco Marek Halter, que se propõe a contar a história do Islamismo do ponto de vista feminino, trazendo para primeiro plano as vidas das mulheres que tiveram um papel importante na implementação desta religião e na vida do seu profeta mais importante, Maomé (ou Muhammad, como é referido no livro). Pareceu-me bastante apropriado publicar esta opinião hoje, no Dia Internacional da Mulher, uma vez que, passados mais de catorze séculos sobre a história que este livro retrata, continua a ser necessária a existência de um dia que chame a atenção para as desigualdades de género que infelizmente ainda subsistem.
Khadija bint Khuwaylid foi a primeira mulher do profeta Maomé, mas antes disso era uma das pessoas mais poderosas de Meca, por via dos seus negócios na área mercante. Conheceu o futuro profeta quando este trabalhava para si nas caravanas de transporte de mercadorias, e a diferença de idade entre os dois (Khadija tinha cerca de 40 anos, enquanto que Maomé tinha à volta de 25) não foi impedimento para que Khadija casasse pela terceira vez.
É importante referir que este livro foca-se, essencialmente, em Khadija. Maomé é uma personagem importante, claro, mas todos os acontecimentos que abarca são vistos pela perspetiva da mulher, optando o autor por destacar a sua personalidade notável e que rompia com as convenções da altura, ainda que nunca a tenha tornado demasiado contemporânea ao ponto de deixarmos de acreditar que este Khadija foi uma mulher que viveu na Meca do século VI-VII d.C. Era uma vida de espera, de ansiedade pela vontade de dar filhos varões aos maridos e de devoção e temor aos deuses.
O final do livro aborda, ainda que de forma superficial, os retiros espirituais de Maomé para as montanhas perto de Meca onde, segundo consta, terá sido visitado pelo anjo Gabriel, que lhe recitou versos enviados por Deus e lhe comunicou que Deus o havia escolhido como profeta. Poderá haver alguma desilusão quanto ao pouco desenvolvimento dado a esta parte da história, mas é preciso não esquecer que este é o livro de Khadija e, por isso, não faria muito sentido mudar o foco do enredo para o seu famoso marido.
No final de contas, foi um livro de que gostei bastante. Aprendi sobre esta época e região num livro que, quanto a mim, consegue conjugar bem os factos conhecidos a nível de contexto com a parte ficcional. Fiquei curiosa para ler a continuação.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante