Autor: Jodi Picoult
Título Original: Lone Wolf (2012)
Editora: Bertrand
Páginas: 408
ISBN: 9789722531566
Tradutor: Fernanda Oliveira
Origem: Recebido para crítica
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Opinião: Os dois livros que já li de Jodi Picoult mostraram-me a capacidade que a autora tem em abordar temas polémicos, fazendo o leitor questionar-se sobre o que faria se se encontrasse na situação das personagens, enquanto transmite, de forma bastante conseguida, a existência de um limite ténue entre o que está certo e o que está errado. Lobo Solitário não é exceção: uma vez mais, estamos perante uma complexa trama em que um dos temas centrais é a eutanásia.
Luke Warren é um homem com uma paixão imensa pelos lobos, levada ao ponto de, a certa altura da sua vida, ter ido viver com uma alcateia selvagem durante dois anos, deixando para segundo plano a mulher e os dois filhos. Alguns anos depois, no início do enredo, Luke e a filha Cara têm um acidente de automóvel que deixa Luke em coma e com o prognóstico muito reservado devido a graves lesões cerebrais. É então que o seu filho mais velho, Edward, decide regressar da Tailândia, para onde tinha ido depois de desentendimentos familiares ocorridos 6 anos antes. A mãe de Cara e Edward, Georgie, havia-se divorciado de Luke pouco tempo após Edward ter saído de casa.
Quando Edward chega perto do pai e percebe que há muito poucas probabilidades de sobreviver vivendo de uma forma digna, chega à conclusão que a melhor opção será deixar que a sua vida acabe, terminando o suporte artificial de vida. Só que a sua irmã Cara é terminantemente contra e tenta, por todos os meios possíveis, evitar que o pai a deixe; Cara agarra-se à possibilidade de um milagre, entrando em conflito com o irmão e acusando-o de não ter direito a tomar essa decisão por ter estado tanto tempo longe.
É em redor deste drama familiar que a narrativa gira, avançando suportada pelos pontos de vista das personagens principais, incluindo os de Luke, que narram as partes principais da sua vida até ter ocorrido o acidente. Sempre que chegamos aos pontos de vista de Luke, entramos no fascinante mundo dos lobos, da forma como vivem em sociedade e das regras existentes numa alcateia. O paralelismo entre Luke e um lobo é complementado com aquele que se traça entre a alcateia e a família, em que os lobos vivem para o todo, que é maior que a soma das suas partes.
É através do cruzamento de todos os pontos de vista que a dinâmica do livro se concretiza, levando o leitor através das suas páginas sempre com vontade de avançar cada vez mais. Jodi Picoult não desilude, proporcionando ao leitor um drama realista que o confronta constantemente com os seus valores em que acredita. E é por este envolvimento que cria com o autor que este livro se tornou numa leitura viciante, que mal consegui largar. Recomendado!
Muito se tem dito sobre o olhar de um lobo-cinzento. É direto, ponderado, misteriosamente humano. O lobo nasce com olhos azuis, mas, passadas seis ou oito semanas, ficam âmbar. E se alguma vez tiverem a sorte de olhar um lobo nos olhos, sabem como são penetrantes. Olham-nos, e nós percebemos que eles estão a tirar um instantâneo de cada fibra do nosso ser; que nos conhecem ainda melhor do que nós próprios.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante