Autor: Kate Morton
Título Original: The Lake House (2015)
Editora: Suma de Letras
Páginas: 615
ISBN: 9789896650148
Tradutor: Isabel Veríssimo
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Virar a última página de um livro e surgir a pergunta “e agora, o que é que eu faço da minha vida?“. É um exagero, bem sei, mas há livros que nos absorvem de tal modo que os finais trazem consigo uma sensação agridoce: felicidade por termos tido oportunidade de encontrar mais um residente cativo na nossa estante, daqueles a que sempre quereremos regressar, mas também tristeza por terminarem ali todas as fantásticas sensações que o livro nos trouxe.
Kate Morton é uma das minhas autoras preferidas, já o disse algumas vezes. O último livro que tinha lido de sua autoria, As Horas Distantes, tinha deixado um pouco a desejar e, por isso, decidi conscientemente passar alguma tempo longe das suas histórias na esperança que o regresso me trouxesse aquilo que sempre espero dela: histórias bem escritas, cativantes, com personagens bem desenvolvidas e uma estrutura de enredo, com saltos entre presente e futuro, que ela sabe trabalhar como ninguém.
Desta vez, não quero falar muito sobre o enredo. Acho que o ideal é que o leitor parta para este livro de mente limpa, deixando-se embalar pela escrita fabulosa e pelas personagens e seus dilemas. Kate Morton é uma verdadeira contadora de histórias; segredos, mistérios, cenários nostálgicos, tudo isto são ingredientes já conhecidos, aqui novamente cozinhados, sendo o resultado final tudo aquilo que um leitor fã deste tipo de histórias procura.
Dizer que li mais de 600 páginas em menos de três dias é suficiente para demonstrar o quão viciante achei este livro. Não é que a escrita da autora convide a uma viragem rápida de páginas, até porque é bastante detalhada, mas a forma como o enredo está construído cria uma permanente curiosidade no leitor em saber qual o desenlace de todos os mistérios do passado. O livro não é perfeito, até porque falha um pouco em apresentar uma história no presente tão cativante como a do passado, para além de que no final fica a sensação de alguma pressa para concluir o livro, de modo a que todas as pontas ficassem atadas, mas é inegável que Kate Morton é perita na construção de cenários e personagens a três dimensões: lemos e acreditamos que estamos ali, que aquelas pessoas são reais como nós. E preocupamo-nos com o seu destino.
O Último Adeus chega muito perto do brilhantismo alcançado pela autora em O Jardim dos Segredos, e posso afirmar que é o livro de que tenho estado à espera desde então. Que continue a escrever por muitos e bons anos e a trazer-nos estas histórias fantásticas. Mais do que recomendado.
Classificação: 5/5 – Adorei