Autor: Primo Levi e Leonardo de Benedetti
Título Original: Così fu Auschwitz: Testimonianze 1945-1986 (2015)
Editora: Objetiva
Páginas: 291
ISBN: 9789898775696
Tradutor: Federico Carotti
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Se Isto é um Homem foi uma leitura inesquecível e mantém-se, até hoje, o melhor livro que li sobre o Holocausto. Fiquei, desde então, com vontade de ler mais coisas do italiano Primo Levi, sobrevivente dos campos de concentração, mas só agora se proporcionou.
Assim Foi Auschwitz é uma colecção de testemunhos, maioritariamente da autoria de Primo Levi mas incluindo também alguns de Leonardo de Benedetti, seu companheiro no lager. O livro inicia-se com um “Relatório sobre a organização higiénico-sanitária do Lager de Monowitz“, escrito por ambos pouco tempo após serem salvos pelos russos, em 1945; aí, deparamo-nos com as muito precárias condições de higiene existentes neste campo de concentração (também chamado de Auschwitz III), num relato factual e sem pudores.
Todos os textos que se seguem, entre testemunhos à justiça, artigos publicados, discursos e outros – vários deles inéditos à data desta publicação – seguem o padrão da importância de perpetuar o testemunho, de denunciar todos os horrores e atrocidades que ocorriam nos campos de concentração, de que grande parte do mundo continuava ainda ignorante. Estes textos são acompanhados de notas dos organizadores, que ajudam a contextualizá-los e oferecem, em grande detalhe, pormenores sobre a sua origem e história, e cobrem todo o período desde que Levi saiu do campo de concentração até que se suicidou, em 1987.
Não me parece que este seja o livro ideal para um leitor começar a conhecer o legado de Primo Levi, porque julgo que algum conhecimento prévio sobre a história deste sobrevivente ajudará a aumentar o interesse, a facilitar a compreensão destes testemunhos e a tirar deles o maior proveito. Depois disso, é um livro enriquecedor e cuja leitura ajuda a alcançar aquele que penso ter sido o maior objetivo da vida de Primo Levi: que não esqueçamos aquilo que de pior o ser humano é capaz, para que não se volte a repetir.
Não é lícito esquecer, não é lícito calar. Se calarmos, quem falará? Certamente não o farão os culpados e os seus cúmplices. Se não dermos o nosso testemunho, num futuro não distante as acções de bestialidade nazi, pela sua própria enormidade, poderão ser relegadas a lendas. Portanto, é preciso falar.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante