[Opinião] Constança – A Princesa Traída por Pedro e Inês, de Isabel Machado

26869400Autor: Isabel Machado
Ano de Publicação:
2015
Editora: Esfera dos Livros
Páginas: 344
ISBN: 9789896267186
Origem: Recebido para crítica

Sinopse: 1336. A Península Ibérica está a ferro e fogo. A bela Constança, rainha de Castela, é repudiada pelo marido, Afonso XI, e o desejo de vingança do pai da jovem soberana leva-o a celebrar uma aliança com o rei de Portugal: a filha casará com o herdeiro do trono português, o infante D. Pedro. Constança, inteligente, devota e sofredora, anseia há muito por um destino ao lado do príncipe. Não imagina, porém, que, na sua vida recheada de infortúnios, a maior tragédia está ainda por acontecer, nem que a traição irá partir daqueles que mais ama e em quem mais confia: Pedro, o seu impetuoso marido, e Inês, a sua aia, amiga e confidente. Baseado numa investigação rigorosa e retratando de forma sublime uma época de grandes convulsões políticas, “Constança” é um romance de leitura compulsiva que nos dá a conhecer a protagonista involuntária, e esquecida pela memória colectiva, do grande mito romântico da História de Portugal.

Opinião: Sobre a famosa história de D.Pedro I, Rei de Portugal, e D. Inês de Castro, já muito foi escrito e discutido. É uma das mais famosas histórias de amor em Portugal, cujo fim trágico apaixonou gerações de portugueses. Constança – A Princesa Traída por Pedro e Inês propõe-se a dar destaque à esposa traída por D. Pedro e amiga de D. Inês, D. Constança Manuel, ou seja, a mostrar-nos um pouco do outro lado da história.

Tal como a autora afirma, a informação sobre esta princesa é escassa, desconhecendo-se mesmo a data concreta da sua morte (algures entre 1345 e 1349); parte-se, portanto, de factos e alguns documentos conhecidos para traçar o perfil desta mulher, marcada pela condição feminina da época em que viveu e pelos constantes jogos políticos a que as mulheres nobres eram sujeitas na altura. D. Constança era filha de um importante fidalgo espanhol, D. Juan Manuel, ainda descendente de reis; era ainda criança quando casou com o futuro rei de Castela D. Afonso XI, mas o casamento foi mais tarde anulado e ela mantida em cativeiro. Viveu também o período difícil das relações entre Castela e Portugal no século XIV, motivadas em parte pela desprezo votado à filha de D. Afonso IV de Portugal e rainha de Castela pelo seu marido; D. Constança foi peça essencial no sanar do mau ambiente entre os reinos, casando com o príncipe herdeiro português – o que é sempre positivo.

Partindo das características conhecidas e depreendidas da princesa, Isabel Machado conta a sua história, desde o seu falhado casamento com Afonso XI, os tempos de indecisão política entre reinos, a sua viagem para Portugal e o seu casamento e vida com o futuro rei de Portugal, D. Pedro. A autora é bem sucedida em transportar o leitor para o século XIV, não só porque a contextualização é bem feita sem se tornar no centro da história e porque o tipo de escrita adequa-se bem ao período histórico, não parecendo demasiado contemporânea (como sucede por vezes nos romances históricos). Não será demais destacar a escrita cuidada e quase poética da autora, naquele que terá sido o aspeto que mais me surpreendeu pela positiva neste livro.

Gostei do esforço da autora para não nos apresentar personagens unidimensionais, simplesmente boas ou simplesmente más. Apesar disso, não criei especial empatia com nenhuma delas; a falta desta ligação emocional com as personagens, que atribuo mais a mim, como leitora, do que ao desenvolvimento da história, impediu que o livro se tivesse tornado marcante. Ainda assim, foi uma leitura muito interessante na maior parte do tempo e que me permitiu aprender mais sobre figuras que marcaram a monarquia na história do nosso país. 

Classificação: 3/5 – Gostei

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.