Autor: Gillian Flynn
Título Original: Sharp Objects (2006)
Editora: Bertrand
Páginas: 320
ISBN: 9789722529891
Tradutor: Fernanda Oliveira
Origem: Comprado
Opinião: Li os três livros de Gillian Flynn pela ordem inversa à qual foram publicados: Gone Girl foi o primeiro e gostei muito; seguiu-se Lugares Escuros, que revelava ainda mais acentuadamente a faceta negra da autora e a tendência para escrever personagens desequilibradas; Objetos Cortantes, o seu livro de estreia será, nesse sentido, o expoente máximo do desequilíbrio psicológico e também o seu livro com a faceta mais “policial tradicional”.
A protagonista do livro é Camille Preaker, uma jornalista em Chicago que trabalha na cobertura de casos policiais. Quando desaparece uma segunda menina na terra natal de Camille, esta é chamada pelo seu chefe para cobrir o acontecimento por conhecer as gentes locais e ter, possivelmente, maior capacidade para fazer uma investigação jornalística bombástica. Mas o regresso de Camille à pequena localidade de Wind Gap não é assim tão simples: foi lá que perdeu a sua irmã, quando ambas eram crianças, e é lá que vive a sua mãe, alguém com quem sempre teve uma relação complicada e que terá de voltar a enfrentar.
O livro começa com um pendor bastante policial, no sentido em que os crimes que Camille pretende investigar se tornam no centro da ação, mas aos poucos o foco da narrativa vai-se desviando para Camille, os seus fantasmas e a sua relação com a mãe e com a meia-irmã. Começamos também a viajar ao passado desta estranha família, tentando o leitor desvendar a ligação entre esta componente familiar e os crimes que ocorreram em Wind Gap.
Se disser que Objetos Cortantes está cheio de gente doida, penso não estar a exagerar. Por vezes, pareceu-me que a autora relata acontecimentos ou características das personagens meramente pelo valor do choque, sem que os mesmos acrescentem grande coisa, mas isto não acontece muitas vezes e, de um modo geral, penso que consegue convencer o leitor da estranheza e desequilíbrio psicológico das pessoas que povoam esta história. É sem dúvida um livro estranho, que me deixou muitas vezes sem saber o que pensar ou se realmente estava a gostar do que estava a ler. É um livro desconfortável, mas ao mesmo tempo estranhamente cativante.
Não consigo decidir-me sobre o que este livro me deixou, como leitora. Gosto do pendor da autora em escrever sobre pessoas que fogem ao “normal”, que lidam com problemas psicológicos, mas aqui o enredo falhou em cativar-me em pleno – também pela sua previsibilidade, a partir de determinada altura. Ainda assim, tenho a certeza que é uma autora para continuar a seguir.
Classificação: 3/5 – Gostei