Autor: Anne Bishop
Título Original: The Others (2013)
Série: Os Outros #1
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 512
ISBN: 9789896377397
Tradutor: Luís Santos
Origem: Recebido para crítica
Opinião: Anne Bishop é conhecida pela originalidade dos mundos que cria, pelas suas personagens marcantes e pelos toques de humor que sempre acompanham as suas histórias – características que tiveram o seu expoente máximo, quanto a mim, na série Jóias Negras. Desta vez, com Letras Escarlates, a autora experimenta a fantasia urbana, contando a sua história num cenário contemporâneo, ainda que estejamos perante mais um mundo fictício, povoado de criaturas sobrenaturais.
O mundo criado por Anne Bishop é Namid, povoado por seres humanos e pelos Outros, seres de várias espécies que se metamorfoseiam em lobos, corvos, ursos, etc, mas também vampiros. Mas existe ainda uma outra espécie, algures no meio destas duas: as cassandra sangue, profetas que obtêm as suas visões através de cortes no seu próprio corpo. São mantidas em espaços fechados, com conhecimento muito limitado do que se passa no mundo, a bem – segundo o seu Controlador – da pureza de espírito, que influencia as suas profecias. Mas Meg Corbyn decide revoltar-se contra a sua clausura e foge, indo parar a Lakeside, uma localidade de Outros – ou terra indigene – que mantém algumas relações com humanos. Meg consegue o emprego de Intermediária, alguém responsável por uma espécie de posto dos correios, em que existem interações com humanos.
Lakeside é gerida por Simon, um Outro que se transforma em lobo. Tanto ele como os outros metamorfos e os vampiros que lá vivem não demoram a perceber que Meg é diferente dos outros humanos e, com o passar do tempo, começam a vê-la como parte da comunidade. Mas sabem que Meg foge de algo ou alguém e quando começam a acontecer coisas estranhas em Lakeside têm de unir esforços para proteger Meg e o sítio onde vivem.
Letras Escarlates é um livro com uma premissa interessante e que, até certo ponto, é bem desenvolvida. Gostei bastante da mitologia criada por Anne Bishop e de toda a contextualização que vai sendo feita ao longo do livro, de modo a percebermos a história deste novo mundo e o estado presente das relações entre os Outros e os humanos. No entanto, fica ainda muito por explorar; algo que presumo que a autora irá fazer nos próximos volumes. Do que também gostei bastante foi dos pequenos detalhes das relações em Lakeside, da convivência entre os vários seres e dos apontamentos humorísticos a que a autora já nos habituou em livros anteriores. O enredo é relativamente simples: Meg está em fuga e ganha a simpatia dos moradores de Lakeside ao ponto de estes a defenderem quando os mandantes do Controlador a perseguem e invadem a localidade. Achei sinceramente que o livro é demasiado longo para contar esta história. A autora perde demasiado tempo com o dia-a-dia do trabalho de Meg como Intermediária, o que acaba por fazer com que o livro se arraste em determinadas partes. Outra coisa de que também não fiquei fã foi da vilã: as motivações dela acabam por parecer fracas tendo em conta o perigo das situações em que se envolve.
No final de contas, e apesar de alguns pontos menos conseguidos, gostei de Letras Escarlates. É um livro com boas ideias, com um mundo interessante e que deixa a expectativa de volumes seguintes com maior interesse ainda.
Classificação: 3/5 – Gostei