Autor: Carlos Campaniço
Ano de Publicação: 2014
Editora: Casa das Letras
Páginas: 192
ISBN: 9789724622330
Origem: Empréstimo
Decidindo então adiar a revelação da sua identidade, o jovem médico terá mais tempo para chorar os seus mortos, tratar dos doentes e ajustar contas com os vivos; mas nem por isso cessará de se enredar em complicadas teias, não escapando a uma paixão proibida e avassaladora.
Alternando as memórias da infância com o presente agitado do protagonista, Mal Nascer é um romance magistral que combina uma história aliciante com um esmero de linguagem invulgar. Guardando surpresas até à última linha, a obra foi finalista do Prémio LeYa em 2013.
Opinião: Na Feira do Livro de Lisboa comprei Os Demónios de Álvaro Cobra, o segundo e elogiado livro de Carlos Campaniço. Mas, apesar disso, acabei por começar a conhecer o autor pelo seu último livro, Mal Nascer, finalista do Prémio Leya de 2013.
Mal Nascer é um romance histórico, decorrido durante as guerras entre liberais e absolutistas, no século XIX, apesar de estarem longe de ser o centro da ação. Santiago Barcelos é um médico que regressa à aldeia onde nasceu para exercer a sua profissão de médico, ainda que ninguém o reconheça e ele não faça por isso. Na verdade, Santiago proveio de uma família humilde e tem um historial complicado com o presidente da junta da aldeia, Albano Chagas, após ter sido um dos membros que assistiu à morte do filho daquele. O seu regresso à aldeia foi bastante motivado pela vontade de demonstrar a quem o rebaixou o que conseguiu fazer de si.
A narrativa é intercalada entre o presente e o passado de Santiago na sua terra natal. Isto permite ao leitor ficar a conhecer a origem das relações entre Santiago e os seus conterrâneos, especialmente com a família Chagas e com a sua própria família, num lar sempre marcado pela violência do seu padrasto. É nesta alternância de tempos narrativos que vamos formando uma imagem do caminho que Santiago teve de percorrer para ser quem é hoje.
Pessoalmente, a personagem principal não me cativou por aí além. Condoí-me de Santiago pela sua “infância” complicada, pelas privações e injustiças que sofreu, mas o Santiago adulto não me despertou grandes empatias. Não achei que as omissões face à sua identidade fossem devidamente justificadas e a sua paixão assolapada não me convenceu completamente.
Portanto, tive alguma dificuldade em gostar das personagens que povoam este livro, cujo enredo também não me pareceu nada de extraordinário, especialmente no presente. Do que gostei mesmo foi da escrita de Carlos Campaniço: é evocativa e adequada ao período histórico em que a história se desenvolve, e adorei as palavras usadas no Alentejo, que me vi a reconhecer.
Apesar de tudo, foi um livro que deixou bons indícios. A escrita do autor permite-me esperar que outros livros me consigam cativar mais (tirarei as teimas com Os Demónios de Álvaro Cobra) e julgo que é sempre positivo conhecer o que se vai escrevendo por cá.
Classificação: 2/5 – OK