Autor: José Eduardo Agualusa
Ano de Publicação: 2013
Editora: Quetzal
Páginas: 256
ISBN: 9789897220791
Origem: Empréstimo
Opinião: José Eduardo Agualusa despertou-me curiosidade com O Vendedor de Passados. A Vida no Céu foi o senhor que se seguiu porque adorei a premissa. Como seria o mundo se, de repente, deixássemos de ter a possibilidade de viver em terra e vivêssemos em cidades aéreas, dentro de enormes dirigíveis espalhados pelo mundo? Quis saber como iria o autor construir este mundo imaginário e que aventuras e desventuras nos iria narrar.
Carlos, um jovem angolano, é quem nos narra a história; perdeu o pai há algum tempo, quando este caiu do dirigível Luanda, mas sempre manteve a esperança de o reencontrar e é por isso que decide partir, parando em primeiro lugar em Paris, onde tem uma amiga com a qual se corresponde. Este é o início de várias aventuras, num livro em que se destaca, em primeiro lugar, a ideia-base. Penso que o autor conseguiu construir um mundo verosímil, ainda que por vezes tenha sentido necessidade de um maior desenvolvimento nos aspetos que o caracterizavam. Explica-se o básico, mas falta o detalhe.
Também às personagens achei que deveria ter sido dado mais desenvolvimento, porque temos pouco tempo para simpatizar com as suas demandas e dilemas. Mas gostei da multiculturalidade que as marca e à história, dando-lhes uma dimensão bastante interessante. É impossível não referir igualmente aquilo que me pareceu uma chamada de atenção de cariz ecológico, mostrando o que poderia acontecer à humanidade se a natureza decidisse impôr-se perante a neglicência dos homens. A escrita é agradável, de certo modo sonhadora, adequando-se na perfeição ao mundo das nuvens.
Gostei deste livro, mas não adorei. Partindo desta ideia brilhante, esperava mais, esperava uma história arrebatadora e cativante, mas infelizmente, pela falta de desenvolvimento de personagens e caracterização do mundo, acabou por não alcançar aquilo que dela esperava.
O tempo, aliás, não faz senão correr. Por vezes, em certas tardes soalheiras, quando no céu nada se move, acreditamos que adormeceu, mas é uma ilusão. Nós, sim, adormecemos. O tempo nunca se cansa.
Classificação: 3/5 – Gostei