Autor: José Eduardo Agualusa
Ano de Publicação: 2004
Editora: Dom Quixote
Páginas: 232
ISBN: 9789722026673
Origem: Empréstimo
Opinião: Aconteceu-me uma coisa engraçada com este livro. Comecei a lê-lo durante uns bocados à noite, quando o sono já era algum, e talvez isso explique que só tenha percebido que o narrador era uma osga quando já tinha lido um terço. De facto, havia ali coisas que não tinha percebido bem, mas assim que se fez luz as peças começaram a encaixar no lugar, ainda que tenha achado necessário voltar ao início para melhor aproveitar a história.
Este livro é narrada por uma osga, outrora um ser humano, que vive na casa de um angolano albino. Félix Ventura é um vendedor de passados, alguém que arranja passados ilustres a quem os deseje. A visita do homem que se irá chamar José Buchmann despoleta uma série de acontecimentos que nos vão sendo narrados pela inefável osga. Os acontecimentos presentes vão sendo frequentemente interrompidos por sonhos que a osga tem, em que assume a sua anterior forma humana e dialoga com os outros protagonistas da história.
Como pontos positivos, destacaria a originalidade em relação ao narrador da história e a escrita, com um embalo muito próprio. É uma história que, apesar da relativa complexidade que exige alguma atenção, acaba por se tornar numa leitura rápida e com vários pontos de interesse. Gostei bastante também da forma como o autor desenvolve esta história à volta do tema da procura de identidade de um povo (relacionada de forma próxima com as alterações advindas da descolonização). Das personagens, a melhor é sem dúvida a osga; das restantes fica a sensação que poderiam ter sido melhor trabalhadas e desenvolvidas. O enredo deixou um bocado a desejar; é interessante, mas não entusiasmante, tem a forma mas falta-lhe um pouco de conteúdo.
Contudo, o balanço é positivo. Gostei de conhecer este escritor lusófono, e o que ganhei com esta leitura foi uma enorme vontade de continuar a descobrir a sua obra.
Só somos felizes, verdadeiramente felizes, quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre.
Classificação: 3/5 – Gostei