Autor: Franz Kafka
Título Original: Der Prozess (1925)
Editora: Bis/Leya
Páginas: 272
ISBN: 9789896600969
Tradutor: Guimarães Editores
Origem: Comprado
Opinião: Desde que li A Metamorfose, do famoso escritor Franz Kafka, que fiquei com vontade de ler mais alguma coisa dele. O Processo foi uma escolha natural, porque é igualmente um dos seus romances mais conhecidos. O autor checo não publicou este livro em vida, e ficou mesmo por terminar, apesar de o capítulo final ter ficado completo.
No dia em que faz 30 anos, Josef K. acorda e fica a saber que vai ser preso por dois agentes não identificados pertencentes a uma entidade desconhecida, por um crime que desconhece. Este acontecimento é a porta de entrada numa espécie de submundo legal, que permite aos tribunais desempenharem as suas funções (pelo menos em teoria). Todo o livro é um périplo de K. em volta de pessoas relacionadas de uma outra forma com o tribunal e seus funcionários, numa tentativa para resolver a sua vida. No entanto, esta tentativa é algo apática ou alienada, parecendo que a personagem é sugada para os meandros de uma teia difícil de discernir e deixando-se, de certa forma, levar pela maré.
Durante a leitura deste livro, senti-me bastante perdida relativamente ao que se estava a passar ali e, essencialmente aos objetivos que adivinhava escondidos por detrás da narrativa. Provavelmente, não tenho ainda arcaboiço para lidar com literatura deste género, porque senti-me várias vezes como um burro a olhar para um palácio. A narrativa intrincada e cheia de detalhes não ajudou a que a leitura se tivesse revelado muito entusiasmante, mas quando tive a ideia de fazer alguma pesquisa sobre este livro, percebi que se encaixa na ficção “absurdista“, que consiste em narrativas que “se focam nas experiências das personagens numa situação onde não conseguem encontrar qualquer sentido inerente à vida, na maioria das vezes representadas por ações e eventos sem significado que levantam a questão da certeza relativamente a conceitos existenciais como a verdade ou o valor“. O absurdo das situações que Josef K. vai encontrando e toda a envolvente do livro foram fundamentais para o adjetivo “kafkiano”, cujo sentido finalmente compreendi. Percebi que o livro continha em si uma enorme crítica à forma como a burocracia domina a vida da personagem principal e o enreda de uma forma a que não consegue escapar. Praticamente 100 anos depois de ser escrito, O Processo continua muito atual neste aspeto.
Quanto à minha experiência de leitura pessoal, posso dizer que achei o livro aborrecido. Foi difícil avançar na leitura, à falta de algo que me agarrasse ao que estava a ler. Apesar disso, nunca pensei em desistir. Ontem tropecei num artigo interessante no Book Riot, em que a autora nos falava nos motivos para ler livros de que não gostamos e eu lembrei-me imediatamente d’O Processo. Quis lê-lo porque é uma obra geralmente considerada um clássico importante da literatura e não me arrependo nada, apesar das dificuldades que senti. Saindo da minha zona de conforto, ajudou-me a estudar, a pesquisar e, por isso, aprendi. Só por isso valeu a pena.
Classificação: 3/5 – Gostei