Autor: Gonçalo M. Tavares
Ano de Publicação: 2010
Editora: Porto Editora
Páginas: 216
ISBN: 9789720042903
Origem: Empréstimo
Opinião: Até agora, a minha experiência com Gonçalo M. Tavares resumia-se ao conto A Moeda. Já me haviam recomendado a série “O Bairro” e tenho em casa por ler Jerusalém (que é de outra série, “O Reino”), mas acabei por começar mesmo por Matteo Perdeu o Emprego. Entrei no livro sem nada saber sobre a sua história ou temas; fui, portanto, às escuras, e às vezes essa é a melhor forma de apreciar um livro.
Através de capítulos curtos, o autor vai-nos apresentando várias personagens por ordem alfabética. Em cada um dos capítulos, ficamos a conhecer um pouco sobre aquela personagem e a ligação (por vezes ténue) com a personagem seguinte. Tudo isto para chegar a Matteo, a personagem principal do livro, que tem a sua história um pouco mais desenvolvida que as restantes. Gostei muito desta parte, da forma como todas as personagem se interligam e da exploração do efeito borboleta.
Depois da ficção, Gonçalo M. Tavares apresenta ao leitor um posfácio, onde, através de textos curtos, nos dá várias luzes sobre as intenções e significados do que acabámos de ler. Se é certo que muitas vezes foram realmente um acréscimo à leitura, noutras vezes o pendor filosófico foi tão vincado que acho que fiquei ainda mais baralhada. A inclusão de imagens de bonecos a representarem as personagens ajudou a dar a sensação que as nossas vidas estão bastante dependentes da sorte, do acaso, e que por isso parecemos ser marionetas do destino.
No final de contas, foi um livro que me deu bastante gozo ler. Foi desafiante, fez-me pensar e acima de tudo, gostei da escrita de Gonçalo M. Tavares e da forma habilidosa como contrói toda a sucessão de acontecimentos. Sem dúvida, um autor para continuar a descobrir.
Camer e o inquérito. O problema é sempre este: és tu que estás na posse das perguntas – a minha liberdade é, pois, nula. Só posso responder. A idiotia comum é esta: a pessoa pensar que está livre porque pode responder, porque pode escolher. A grande diferença é esta: és obrigado a escolher: sim, não – e é essa obrigação que te rouba a liberdade mínima. Nem prefiro não, nem prefiro sim. Pelo contrário.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante