[Opinião] O Baloiço Vazio, de Carla Lima

22008052Autor: Carla Lima
Ano de Publicação:
2014
Editora: Pastelaria Studios
Páginas: 85
ISBN: 9789898629449
Origem: Recebido para crítica

Sinopse: “Eu deitada na cama, de barriga para cima, com os olhos fechados e os braços cruzados sobre o peito,
– O que estás a fazer?
– Estou a fingir que estou morta
– Porquê?
– Porque me apetece. Importas-te?
– Mas porquê?
– Porque antes estar morta do que viver assim
– Assim como?
– Numa prisão
– Numa prisão?
– Estou presa a ti
– Estamos presos um ao outro
– Nem a fingir de morta me deixas em paz”

Opinião: Este livro chegou-me às mãos após uma simpática oferta da autora em troca de uma opinião honesta; antes disso, o livro era-me totalmente desconhecido. Li algumas opiniões e fiquei convencida que valeria a pena dar-lhe uma hipótese.

Não se pode dizer que este livro conte uma história com princípio, meio e fim. Aliás, parece-me que é precisamente o contrário: através de uma narrativa fragmentada, a autora apresenta-nos a história de Ana e Bruno, sendo ela a principal narradora. Assim, vamos lendo pequenos diálogos ou pensamentos, que são como peças de um puzzle colocadas perante o leitor pela ordem errada. A ordem dos pequenos textos não é cronológica, contém vários regressos ao passado e mesmo no presente apresenta-nos momentos diferentes por vezes misturados no mesmo texto.

Vamos pegando nas pequenas peças do puzzle e compondo-as ao longo da leitura, ainda que nunca fique a certeza da ordem dos acontecimentos e mesmo se de facto aconteceram ou se são apenas fruto da mente perturbada que nos vai falando através das páginas. Ana é uma mulher carente, aparentemente marcada pelo passado, que vive uma relação obsessiva e pouco saudável com Bruno, mas será real a faceta dele que é mostrada por ela? A narradora é pouco fiável, e por isso acabamos por não perceber bem o que é ficção e o que é realidade.

Não me parece um livro que possa agradar a toda a gente, mas eu pessoalmente gostei. Sem ter sido uma leitura marcante, gostei que o estilo fragmentado do texto acompanhasse aquilo que de certo modo se passa com alguém que lida com depressão, com uma possível doença bipolar ou outros transtornos psiquiátricos – no fundo a busca de um sentido para a vida, com avanços e recuos e o constante martírio de coisas que aconteceram ou podem vir a acontecer. Ainda assim, por vezes achei os textos demasiado vagos e tive dificuldade em perceber qual a sua importância no contexto do que estava a ler. Também recomendaria, numa nova edição, uma revisão mais cuidada, porque encontrei alguns erros ortográficos no texto. No final de contas, foi uma leitura que valeu a pena e que me fez vontade de ler mais coisas da autora.

Classificação: 3/5 – Gostei

 

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.