Autor: Nuno Amado
Ano de Publicação: 2012
Editora: Oficina do Livro
Páginas: 243
ISBN: 9789895560127
Origem: Comprado
Opinião: Finalmente, uma opinião sobre um livro que tinha pensado ler para o mês temático de autores portugueses (que, como já devem ter percebido, está a correr miseravelmente). À Espera de Moby Dick suscitou-me interesse pelas boas opiniões que tenho vindo a ler, e o facto de ser de um autor português que ainda não tinha lido aguçou-me ainda mais a curiosidade. É ainda importante referir que este foi um livro lido no âmbito de uma leitura conjunta.
Romance escrito na forma epistolar, contém uma série de cartas escritas por um homem que se refugiou num local recôndito nos Açores, depois de uma grande perda – de que, curiosamente, o exilado (sem nome) raramente fala, mas que ainda assim permeia todas as cartas que este homem envia a um seu amigo do continente.
E assim o livro vai avançando, com o narrador a relatar ao amigo a vida pacata que leva, as pessoas com quem se cruza, a sua luta para encontrar a redenção – que ele pensa estar, de certo modo, relacionada com o avistamento de baleias. Mas nem só das cartas da personagem principal vive o livro, porque temos também acesso a algumas cartas escritas pelo filho viajante de um casal que também se refugiou nos Açores e mora perto do nosso narrador principal.
Parece-me ser um livro que será tanto mais apreciado quanto o leitor se identifique com sentimentos de perda, de solidão e da busca incessante pela vontade de viver. Porque me identifiquei com várias coisas que esta personagem vai descrevendo, foi um relato que teve significado para mim, ainda que a imagem que passa não seja a de uma pessoa de quem seja muito fácil gostar.
O facto de o livro tratar basicamente de correspondência unilateral pareceu-me uma forma de o autor demonstrar que estava mais interessado em mostrar ao leitor quem era esta pessoa e deixar-nos entrar na consciência dele do que propriamente contar uma história com princípio, meio e fim. Ainda assim, penso que este livro tinha mais para dar; gostava de ter continuado a acompanhar esta personagem, de ter sabido mais sobre ela.
Gostei bastante da escrita de Nuno Amado; foi daqueles textos que me deu vontade de guardar várias passagens por terem significado para mim. Fiquei com muita vontade de ler mais coisas deste escritor.
A única vingança que há perante a morte, como já alguém disse, é viver. E viver com os mortos e os vivos dentro de nós. Viver num mundo que, apesar de já não conter o que nele eu mais amava, ainda tem muito para ser amado.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante