Autor: Ian Fleming
Título Original: Casino Royale (1953)
Série: James Bond #1
Editora: Impresa (Revista Visão)
Páginas: 177
ISBN: n.d.
Tradutor: Rosa Pires
Origem: Comprado
Opinião: Posso considerar o meu interesse no franchising cinematográfico 007 moderado: vi todos desde que o famoso agente secreto inglês foi encarnado por Pierce Brosnan (de quem nunca gostei por aí além), mas só com Daniel Craig posso dizer que gostei do que vi – especialmente em Casino Royale e Skyfall. Foi precisamente por ter gostado bastante do primeiro que achei que esta leitura tinha vários ingredientes para me agradar e decidi iniciá-la.
Le Chiffre é um tesoureiro em dificuldades de um sindicato ligado ao SMERSH, um departamento de contra-espionagem russo; ele precisa de repôr com alguma urgência fundos que utilizou e, para tal, irá participar em jogos de bacará no Casino Royale, em França, onde estão milhões em jogo. James Bond, que ganhou recentemente o distintivo de 007, é destacado por M (o chefe dos serviços secretos ingleses) para participar no jogo e frustrar as intenções de Le Chiffre, com a ajuda de outros agentes secretos franceses e americanos.
É um livro que se lê depressa, não só porque é curto mas também porque tem bastante ação. Achei a parte do jogo de bacará particulamente interessante, não só porque fiquei a perceber um pouco mais sobre este jogo mas também porque o autor consegue criar suspense suficiente para manter o leitor agarrado à história. O twist do final acabou por não me surpreender porque já sabia dele pelo filme. De resto, o autor faz algumas interessantes reflexões sobre o ténue limite entre o Bem e o Mal.
O que impediu esta leitura de ter sido mais agradável, e quiçá suscitar a vontade de continuar a ler os livros desta série, foi a personagem principal. James Bond é um agente secreto super competente, mas como pessoa esteve longe de conquistar a minha simpatia: arrogante, insensível e – o pior – machista. Se calhar são estas características que o tornam um bom agente e percebo que boa parte da forma como é retratado é fruto do tempo em que o autor o escreveu (anos 1950). Tenho-me como uma leitora de mente aberta, que consegue separar as águas e perceber o que pertence onde, mas não consegui ultrapassar a forma como o autor descreve o machismo da personagem. Um exemplo:
Era precisamente aquilo que ele temia – mulheres impetuosas que pensavam poder fazer o trabalho de um homem. Mas por que raio é que elas não ficavam em casa a tratar dos tachos e das panelas, cuidando dos seus vestidos e da bisbilhotice e deixavam o trabalho dos homens para os homens?
A conclusão é que este é um livro com alguns pontos de interesse e com um bom ritmo, mas pessoalmente não gostei da forma como a personagem principal e os seus princípios me foram apresentados.
Classificação: 2/5 – OK