Ler na era da Internet

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(imagem daqui)

 

É um tema sobre o qual penso muitas vezes, a forma como a Internet tem influenciado o que leio e como leio. A leitora que sou hoje não tem nada a ver com a que era antes de começar a utilizar a Internet de modo mais intensivo e isso tem muitas e variadas ramificações. 

 

Tudo começou quando comecei a trabalhar, em 2005. Isso permitiu-me, em primeiro lugar, poder ter um acesso de jeito à Internet e, consequentemente, consultar as novidades e pesquisar sobre livros que me despertavam interesse; depois, como passei a ter algum dinheiro disponível, comecei a investir em livros. A minha gigantesca pilha de livros por ler já vem dessa altura.

 

Passado coisa de dois anos, criei este blogue. Acho que ter um blogue sobre livros, com o objetivo de publicar opiniões sobre o que lia alterou significativamente a minha vida de leitora, por vários motivos:

 

a) No início nem por isso, mas a partir de certa altura comecei a sentir alguma pressão derivada da frequência de publicação. Nada contra quem atualiza o seu blogue de mês a mês, mas pessoalmente prefiro um blogue com publicações regulares e com conteúdo, porque isso costuma demonstrar empenho por parte do seu autor em manter um site interessante e dinâmico. Esta dita “pressão” fez com que tentasse ler mais, o que consegui, e apesar de achar que não pode valer tudo para se conseguir ter um blogue atualizado, para mim funcionou lindamente em termos de número de livros lidos e diversidade nas leituras;

 

b) A interação com outros leitores foi fundamental. Tantas e tantas vezes li coisas sugeridas por amigos virtuais, que não teria lido de outra forma e que acabaram por se tornar favoritos;

 

c) A parceria de outrora com algumas editoras proporcionou-me algumas leituras que provavelmente me teriam passado ao lado e que valeram pela diversidade que trouxeram às minhas leituras (isto apesar de, a médio prazo, ter percebido que ler coisas “impostas” não era bem o que eu desejava para mim, como leitora);

 

d) O facto de me “obrigar” a escrever sobre o que leio faz com que tenha de refletir um pouco melhor sobre o que li. Tento, ao longo da leitura, ir anotando ideias-chave e ao fim de algumas centenas de opiniões escritas sinto que consigo transmitir melhor aquilo que penso, ajudando-me, também, a praticar a escrita do português.

 

Mas o blogue foi apenas o início. Seguiu-se a participação em alguns fóruns de leitura (o blogue chegou mesmo a ter o seu, durante algum tempo), até ter percebido que não tenho feitio para trocas de argumentos disparatadas que por lá costumam grassar. As redes sociais, como o Twitter no meu caso, foram não só um local para encontrar sugestões de bons livros, como para ter conversas interessantíssimas sobre leitura e mesmo arranjar amigos para a vida. E não é possível esquecer o Goodreads, que para mim é uma ferramenta essencial, pois permite-me ter nas minhas leituras a ordem que tanto aprecio, para além de ser uma fonte inesgotável de coisas interessantes, como grupos, listas e recomendações.

 

Serve isto tudo para dizer que sou uma leitora irremediavelmente diferente da que teria sido se tivesse levado a minha vida de leitora no tempo em que não havia Internet. Acho que essa época tinha as suas virtudes, e por vezes sinto saudade do ler descomplexadamente, sem pressões de qualquer tipo, sem pensar que estava a levar muito tempo… mas não sou saudosista e como vivi um pouco das duas coisas posso dizer que, apesar de tudo, prefiro este “ler” mais social, que me tem feito crescer como leitora de uma forma que nunca imaginei possível.

 

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Sobre Célia

Tenho 38 anos e adoro ler desde que me conheço. O blogue Estante de Livros foi criado em Julho de 2007, e nasceu da minha vontade de partilhar as opiniões sobre o que ia lendo. Gosto de ler muitos géneros diferentes. Alguns dos favoritos são fantasia, romances históricos, policiais/thrillers e não-ficção.