Quem Quer Ser Bilionário? foi um livro que gostei de ler, mas que, como tive oportunidade de referir na minha opinião, não me impressionou particularmente. Contudo, o filme que adapta o livro, de 2008, foi bastante premiado e sempre me despertou interesse, pelo que decidi vê-lo.
Eu diria que o filme é mais um “baseado em” do que uma “adaptação”, tal é a quantidade de coisas que foram alteradas: começando pelo nome do protagonista (Ram passa a Jamal), passando pela relação entre o protagonista e Salim (no livro são amigos, no filme irmãos), e terminando na estrutura da narrativa. Contudo, a essência do livro – um rapaz humilde que participa e ganha o concurso Quem Quer Ser Milionário, enquanto vamos assistindo à sua vida difícil – mantém-se.
Muito sinceramente, e mesmo tendo em conta as diferenças entre a forma como as histórias se contam em livros e filmes, gostei mais do filme. Fiquei muito impressionada com o início do filme, em que são mostradas as condições terríveis em que Jamal e as outras crianças pobres viviam, sendo muitas delas lançadas num mundo de adultos, órfãs, tendo de sujeitar-se a muitas vicissitudes para sobreviver. Não sei se o retrato é fiel ou não à realidade, mas a verdade é que é quase impossível não nos sentirmos afetados pelo que estamos a ver.
De resto, acho que várias das alterações que os argumentistas fizeram resultaram numa história mais emotiva, que torna as personagens menos distantes. Aqui temos menos personagens, mas com histórias mais bem desenvolvidas e cativantes. Adorei a interpretação de Dev Patel no papel de Jamal, que consegue transmitir à personagem as doses necessárias de inocência e resiliência. É um filme sobre amizade, amor, esperança, pobreza e dificuldades que fica na memória de quem o vê. Pelo menos ficou na minha.