Autor: Robert Galbraith
Título Original: The Cuckoo’s Calling (2013)
Série: Cormoran Strike #1
Editora: Editorial Presença
Páginas: 496
ISBN: 9789896720650
Tradutor: Maria Georgina Segurado e Rita Figueiredo
Origem: Comprado
Opinião: Vou ser muito sincera: se não soubesse que Robert Galbraith era um pseudónimo da J.K. Rowling muito provavelmente nunca teria lido este livro. Rowling é daquelas escritoras que terá sempre enorme sucesso publicando com o nome dela ou outro qualquer, escrevendo fantasia, policiais ou outro género qualquer. E merecido, diga-se de passagem. Compreendo a necessidade que sentiu em lançar este livro sob pseudónimo (cuja real identidade só foi descoberta alguns meses depois do seu lançamento) e admiro a coragem de se ter aventurado em géneros tão distintos daquele que lhe deu a fama de que goza.
Quando o Cuco Chama é um policial tradicional. A sua personagem principal e detetive de serviço é Cormoran Strike, um ex-soldado com uma prótese na perna e um vida pessoal muito atribulada, que inclui uma relação de vários anos recém-terminada e uma família disfuncional, com um pai famoso que viu apenas duas vezes. Robin, uma jovem destacada por uma empresa de trabalho temporário para secretariar Strike, tem um primeiro dia muito animado, pois é nessa altura que John Bristow se dirige ao detetive privado para investigar mais a fundo o caso de uma modelo famosa (sua irmã) que morreu após a queda de uma varanda, que a polícia determinou ter-se tratado de um suicídio.
As conversas com as pessoas à volta da vida de Lula Landry, a modelo, ocupam boa parte do livro e são uma delícia de se ler pelo fantástico retrato pessoal que a autora delas faz. Ao mesmo tempo, Cormoran vai-se adaptando à vida de solteiro e ao facto de dormir no seu local de trabalho, enquanto a relação com Robin vai passando de profissional a uma colaboração de sucesso e, eventualmente, a amizade.
É um livro lento mas que estranhamente se tornou, a partir de determinado momento, de leitura compulsiva. A autora não poupa nas palavras para descrever pessoas e locais, e se para alguns leitores isto se pode tornar fastidioso, para mim foi apenas uma forma de dar vida às personagens e aos cenários pelos quais iam passando. As pessoas dentro desta história pareceram-me reais e isso fez com que me tivesse apegado a elas. Robin, a secretária, é uma personagem deliciosa e sobre a qual tenho esperança de ler mais nos próximos volumes da série. Cormoran é um bom protagonista também, apesar de achar que, se a autora foi bem sucedida em criar no leitor empatia com ele, não deixam de ficar no ar algumas dúvidas quanto às suas capacidades como detetive. Cormoran resolve o caso ao estilo Poirot, sabendo antes de toda a gente a identidade do culpado, mas ao contrário do famoso detetive belga, achei que lhe faltava carisma e nunca tive a sensação que as suas capacidades dedutivas fossem uma característica que saltasse à vista ao longo da história, fazendo com que a sua linha de dedução dos acontecimentos, na parte final do livro, me tivesse parecido um pouco forçada.
Ainda assim foi um livro de que gostei bastante. Bem escrito, com um caso interessante e bem desenvolvido. Fico com muita vontade de ler o volume seguinte.
Classificação: 4/5 – Gostei Bastante