Li e gostei da trilogia “Os Jogos da Fome”, especialmente os dois primeiros livros, nos quais, retirando o triângulo amoroso, temos uma história com um pano de fundo interessantíssimo. Trata-se de uma distopia pós-apocalíptica, que decorre nuns Estados Unidos divididos em 12 distritos controlados por um Capitólio ditatorial, que anualmente organiza os chamados “Jogos da Fome”, onde 2 elementos de cada distrito são colocados num local de onde só sairão se todos os outros morrerem entretanto.
Depois de terem sido postos à prova na primeira parte desta história, Katniss e Peeta vivem as obrigações que a vitória lhes trouxe, o que inclui visitas a todos os distritos e a manutenção do seu suposto romance. A nível pessoal, Katniss vive na dúvida sobre os seus sentimentos por Peeta e Gale, um amigo de infância, e diria que esta é mesmo a parte menos interessante da história (pelo menos, para mim foi). Já nos livros, não tinha ficado muito convencida com esta indecisão de Katniss, que parece não combinar muito bem com a sua natureza intrépida e determinada. No filme, isso acabou por ser bem transposto, apesar de não me ter interessado. Em relação à parte contextual do filme, as suas viagens a outros distritos permitem a Katniss e Peeta perceber que a semente de uma revolução vai agitando as populações. O desempenho de Katniss nos Jogos serviu de inspiração a muita gente e ela acaba por ser um símbolo e um motor de algo que desejam alterar as suas condições de vida. Ficamos a conhecer mais alguns detalhes relacionados com a política que gere os distritos e conhecemos uma nova personagem, Plutarch Heavensbee (interpretado pelo falecido Philip Seymour Hoffman), que ganha influência junto do Presidente Snow como novo coordenador dos Jogos.
Achei o filme uma adaptação bastante fiel do livro, de acordo com aquilo de que me recordo. A primeira metade é mais parada, pegando nas consequências do final da história da primeira parte, dando-lhe profundidade política e apresentando novas personagens. Os atores escolhidos para Finnick Odair e Johanna Mason estiveram muitíssimo bem, e acabei por gostar mais deles aqui do que me lembro de ter gostado no livro. Continuo também a achar que Jennifer Lawrence foi a escolha ideal para o papel de Katniss, uma vez que empresta à personagem a mistura perfeita de rebeldia e sensibilidade que o papel exigia. Já o ator escolhido para Peeta não me convence, continuo a achá-lo demasiado inexpressivo e contido.
O balanço final é bastante positivo. É um filme que sofre um pouco da dinâmica inconstante da história original e do seu final demasiado aberto, mas que, ainda assim, consegue manter-se interessante mesmo nas partes mais paradas. Assim que os Jogos começam, o ritmo frenético mantém o espetador num constante estado de expectativa pelo desenlace da história e a torcer para que Katniss, Peeta e os seus aliados consigam sobreviver. Gostei muito da realização, de alguns planos fantásticos e de a câmara não ter tantos tremeliques como me recordo do primeiro filme.
Valeu a pena. Agora é aguardar pela adaptação do terceiro volume, que será feita em dois filmes, a estrear em Novembro de 2014 e Novembro de 2015, respetivamente.