Sempre achei que as minhas estantes me representam bastante bem enquanto pessoa – mostram os meus interesses, o tipo de coisas de que gosto, que tenho uma mente curiosa, o tipo de coisas que estudo… tudo isso. Mas com o aumento dos e-books, esse teste decisivo de personalidade vai pelo cano. A não ser que alguém pegue no meu Kindle e dê uma vista de olhos, não existe uma exibição imediata e visível dos meus gostos… sou a única que acha isto um bocado triste? A única coisa que poderemos sobre alguém é que possui um leitor de e-books… sem ter ideia do que realmente lêem. Vou sentir falta disso.
Não me identifico nada com os sentimentos da pessoa que levanta as questões acima, pelo simples facto de que, para mim, a leitura é uma coisa essencialmente pessoal. Claro que gosto de partilhar opiniões (caso contrário não teria este blogue), de interagir com outros leitores e de aceitar sugestões, mas tudo isso é feito extra-leitura. Todo o processo de ler, de arrumar livros e de tê-los em estantes é algo que faço para mim. Por isso, não, não me importo nadinha de não ter em exposição livros que li e de que gostei muito porque não preciso dos livros físicos para mostrar quem sou às pessoas que me interessam. Obviamente que gosto de ter livros e que, apesar de grande adepta de e-books, vou continuar a comprá-los. Mas única e exclusivamente porque quero lê-los e não porque quero expô-los nas minhas prateleiras.